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Comunas o quanto nos enganam!


20 Julho 2002 - 23h41

DESFEITA REDE DE TRÁFICO

A GNR de Almada deteve anteontem, na Quinta da Princesa, Amora, Seixal, três homens de uma associação criminosa que se dedica à distribuição e tráfico de droga na Margem Sul.

Na operação policial foram apreendidas mais de mil doses de heroína e cocaína (respectivamente 45 e nove gramas), três pistolas, dois automóveis, sete mil euros em dinheiro e diverso material furtado.

Segundo apurou o Correio da Manhã, os três homens foram surpreendidos no âmbito de uma investigação à referida rede de tráfico. O trabalho policial já havia colhido frutos, há algumas semanas, com a detenção de dois indivíduos, entretanto colocados em prisão preventiva.

No decurso das buscas domiciliárias em casa dos detidos, a GNR, nomeadamente o Núcleo de Investigação Criminal de Almada, confirmou que estavam associados num grupo organizado e calculista, como provam as balanças de precisão para droga apreendidas.

Foram detidos um português, de 30 anos, (o líder do grupo, já cadastrado, cumpriu seis anos de prisão por furto, falsificação e burla) e dois cabo-verdianos, de 25 e 53 anos. Presentes a tribunal, o primeiro ficou em prisão preventiva e os africanos sujeitos a apresentações periódicas.

Parte das mil doses individuais de heroína e cocaína apreendidas encontravam-se numa das duas viaturas confiscadas. Esse automóvel havia estado, na noite de quinta-feira, a distribuir droga pela Margem Sul. Nas residências foram ainda apreendidas três pistolas calibre 6,35 com munições, sete mil euros em dinheiro, objectos em ouro e equipamentos de som e imagem.

A operação, em preparação desde Fevereiro e que envolveu 20 militares, teve início às 7h15, de forma a ‘apanhar’ os traficantes desprevenidos e a dormir. Foram ainda identificados quatro outros indivíduos.

Novo ‘Casal Ventoso’

Estas detenções surgiram no âmbito de uma investigação mais alargada ao tráfico de droga no bairro de Santa Marta de Corroios, Seixal, um dos locais ‘favoritos’ dos toxicodependentes desde a reconversão do Casal Ventoso. A situação, mais notada desde o início do ano, teve reflexos no acréscimo de roubos por esticão e furtos em zonas residenciais limítrofes, disse ao CM fonte da GNR de Almada.

A situação levou a que a GNR de Almada tenha intensificado o policiamento do bairro. Desde Fevereiro já foram detidos e presos preventivamente mais de 30 traficantes a operar no local.




21 Setembro 2002 - 21h17

'POR FIM TEMOS CASA NOVA'

O presidente da Câmara Municipal do Seixal, Alfredo Monteiro, entregou ontem as chaves de 164 fogos habitacionais, construídos em Paio Pires, que, ao abrigo do Programa Especial de Realojamento (PER) daquela autarquia, servirão para realojar 610 moradores, até aqui residentes em áreas degradadas do concelho.

“Após muito tempo de espera, é bom ver as nossas casas novas. Só esperamos que elas tenham condições.” Apesar da confusão ontem gerada à porta dos recém-construídos fogos, os novos habitantes da Quinta da Cucena não conseguiam esconder a sua emoção.

Igualmente entusiasmado com a ocasião estava Alfredo Monteiro. Para o presidente da Câmara Municipal do Seixal, o dia de ontem foi “especial para 164 famílias, que viram agora satisfeito um direito fundamental a cada cidadão, que é o de ter uma habitação condigna”.
Responsável pela entrega das chaves aos novos inquilinos do bairro da Quinta da Cucena, o autarca seixalense salientou as “excelentes qualidades” do novo complexo habitacional.

Os 164 fogos, cuja construção orçou em 9,5 milhões de euros (1,9 milhões de contos), estão distribuídos por 20 prédios de três pisos, com apartamentos de uma a quatro assoalhadas.
Para além das habitações, Alfredo Monteiro salientou que o bairro será dotado de dois espaços comerciais, um parque infantil, um polidesportivo, e um centro comunitário, que deverão entrar em funcionamento no início do próximo ano.

Igualmente valorizada pelos serviços da autarquia foi a vertente dos custos das novas habitações. A vereadora da habitação da câmara seixalense, Corália Loureiro, exemplificou ao CM a situação de um T2 que, no mercado normal, “tem uma renda estimada em cerca de 420 euros, e que na Quinta da Cucena não custará mais que 25 euros”.
Vindos de diversas zonas do concelho, como a Quinta do Cabral, na Arrentela, e a Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, os novos moradores da Quinta da Cucena terão ainda direito a domicílios “já com água, luz e gás instalados”, referiu a vereadora da habitação da autarquia.

GNR ASSEGURA PATRULHAMENTO

Também no domínio da segurança, a autarquia seixalense mantém a confiança de que tudo irá correr bem. O patrulhamento de todo o novo bairro da Quinta da Cucena foi entregue aos militares do Posto Territorial da GNR de Paio Pires, que pretendem criar uma “relação de proximidade com os moradores”.

“Uma patrulha da GNR virá aqui regularmente, para que as pessoas sintam a autoridade perto, e consigam assim fazer as suas vidas”, salientou ao CM Corália Loureiro, vereadora da habitação da Câmara Municipal do Seixal.



7 Julho 2003 - 00h00

Violação - O mais novo denunciou o progenitor por ciúmes

PAI E FILHO ABUSAVAM DE MENINA DE 13 ANOS

Pai e filho, um de 65 anos e o outro de 35, foram detidos pela PSP da Cruz de Pau, Divisão de Almada, acusados de violarem e maltratarem uma menor de 13 anos, soube o Correio da Manhã. Há suspeitas, no entanto, de que os crimes fossem praticados continuadamente desde há quatro anos. A menor vivia com o pai, a mãe e três irmãos na casa dos dois indivíduos, na Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, a quem o Tribunal do Seixal determinou a prisão preventiva.

O inquérito começou quando na Esquadra da PSP da Cruz de Pau surgiu uma queixa, no dia 29 de Junho, apresentada por um indivíduo de 35 anos, da Quinta da Princesa. O indivíduo, de nome Rui, solteiro, vinha denunciar o próprio pai, Mário, de 65, acusando-o de abusar sexualmente de uma menor de 13 anos, que com eles residia. No entanto, quando a PSP começou a investigar a queixa verificou que o queixoso era também ele um agressor, com base no testemunho da menor, que foi sujeita a testes no Hospital Garcia de Orta - que comprovaram a existência de violação. O suspeito acabou por ser preso no dia 3 e, no dia seguinte, o próprio pai, Mário, tinha igual destino. Tudo leva a crer que Rui tenha denunciado o pai por ciúmes em relação à ‘partilha’ da menor.
As práticas sexuais e as agressões tiveram lugar na casa da Quinta da Princesa, para onde a menor e a família tinham ido residir - oito pessoas a partilhar uma casa de quatro assoalhadas. Segundo adiantou ao CM Maria Filomena, mãe da menor, a mudança para casa dos agressores tinha ocorrido há três meses, depois de terem perdido a casa por razões financeiras. Mas admite que “já havia conhecimento” entre as famílias desde “há quatro anos”. Só que, ao contrário da PSP e do Tribunal, Filomena diz nunca ter encontrado razões para suspeitar: “O senhor Mário e o filho, o Rui, eram muito respeitadores e muito nossos amigos.”
Ambos, assim como o pai da garota, eram funcionários da Câmara Municipal do Seixal. “Eles saíam muito cedo e só regressavam lá para as 19h00”, mas Maria Filomena garante nunca ter dado por nada, não obstante a maioria das violações ter acontecido no quarto de um e outro dos agressores, paredes-meias com o espaço ocupado pela família da garota. E a progenitora da menor violada garante - mesmo com a prisão preventiva determinada para os dois indivíduos - ainda estar “surpreendida”. Para explicar, acrescenta: “O sr. Mário nem queria nada por nós estarmos a viver na casa dele. Ele até nos ajudava na alimentação.”
Quanto ao facto de o Tribunal do Seixal ter determinado que a menor fosse entregue a uma tia materna e que a família fique proibida de contactar a criança, Maria Filomena também não encontra explicação: “Não sei que decisão foi esta.”
PARTILHA
A família da menor partilhava a mesma casa dos agressores há cerca de três meses, na Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, depois de ter perdido, por razões financeiras, a sua própria habitação. Um dos agressores, Mário, de 65 anos, não exigia qualquer verba à família que acolhia na sua própria casa e ainda dava dinheiro para a alimentação, mas a mãe da garota garante nunca ter desconfiado da prática de abusos sexuais.



08 Agosto 2003 - 00h00

Inédito: braço da GNR do Montijo chegou até Paris

DROGA VINHA NO ARROZ

Uma cabo-verdiana que residira em Portugal e que chefiava uma rede de tráfico de droga a partir de França regressou ontem ao nosso país, mas algemada e pela mão da Interpol, para ser encaminhada para a cadeia de Tires, onde, aliás, já tinha estado presa durante seis anos pelo mesmo tipo de crime.

A extradição, elaborada a partir de mandados internacionais emitidos pela tutelar do inquérito, a procuradora-adjunta da Comarca da Moita Isabel Lajas, constituiu o epílogo de um processo iniciado há dois anos e que mercê das investigações do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR do Montijo levou ao desmantelamento da rede de tráfico e à constituição de 25 arguidos, nove dos quais estão na cadeia.
A mulher, com 44 anos, a que daremos o nome de Ana, tinha constituído em Paris uma empresa de colocação de papel de parede e era através de uma das viaturas da firma que a heroína chegava a Portugal, escondida em sacos de arroz. E foi também em França que Ana se refugiou, depois das operações da GNR, as mais importantes das quais tiveram lugar nos dias 6 e 7 de Maio do ano passado, acabando por ser presa em Outubro, mercê das informações fornecidas à Interpol pelo NIC do Montijo.
A verdade, no entanto, é que as primeiras detenções ocorreram no dia 28 de Fevereiro de 2002, com o encaminhamento para prisão preventiva de dois homens pela GNR - os primeiros passos policiais de um processo que tinha sido iniciado em Setembro de 2000, depois de ser detectado o incremento do tráfico na Baixa da Banheira, assim como na cadeia do Montijo, a partir de visitas aos presos.
As suspeitas apontavam para fornecedores fora da zona da Baixa da Banheira, mas a verdade é que as autoridades não conseguiam chegar ao núcleo da rede. Só meses depois o NIC começou a aperceber-se de que lidava com uma estrutura organizada, do tipo celular, em que não havia qualquer contacto nem conhecimento entre o nível superior e inferior.
Só em Abril, a GNR começou a atingir o nível médio da rede através da vigilância de um indivíduo, a que chamaremos Vítor, que por sua vez era abastecido por um astrólogo guineense, um ponto decisivo, que permitiu manter esperanças de chegar a um patamar nunca antes atingido por esta força militar de segurança. E quando nos dias 6 e 7 de Maio o Destacamento da GNR do Montijo lançou uma operação de detenção dos indivíduos até então referenciados o facto agitou Ana, que no dia 8 ou 9 fugiu para França.
E se então ainda havia dúvidas quanto à chefia da rede a fuga levantou o véu e a procuradora-adjunta da Moita elaborou o respectivo mandado de busca internacional.
Já nessa altura, o NIC estava na posse da morada da empresa que tinha sido constituída em Paris, dados esses fornecidos às autoridades francesas, que prenderam Ana em Outubro, após o que se seguiu a extradição, ontem concluída, com a traficante de regresso a Portugal.
PRESENTE HOJE E JUÍZ DA MOTA
Ana vai ser hoje de manhã presente ao Tribunal da Moita para ser ouvida pelo juiz de instrução criminal, após o que regressará à cadeia de Tires, onde ficará até ao início do julgamento, já marcado para 30 de Setembro. Ana, que tinha residência na Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, estava, aliás, em liberdade condicional, depois de cumprir uma pena de seis anos de cadeia - de um total de nove anos - e nem sequer se podia ausentar de Portugal até Agosto. Com ela sentar-se-ão agora no banco dos réus mais 24 arguidos, o último dos quais, a que chamamos António, foi detido em Julho. António usufruía de uma loja propriedade de Ana e localizada num centro comercial da Amora. António funcionava como ‘correio’ e chegou a deslocar-se a França nessa condição. Ao que parece, a heroína era depois entregue por ele ao astrólogo, que por sua vez a entregava a Vítor, que dispunha de dois homens de confiança para fazer a droga chegar às ruas de vários pontos do Distrito de Setúbal e à cadeia do Montijo. Ana era apenas conhecida por um ou, no máximo, dois elementos da rede, daí a dificuldade em ligá-la ao tráfico em termos de prova judicial. Vítor e o astrólogo já tinham surgido em conjunto num processo de 1992.



03 Novembro 2003 - 00h00

Operação: acção da PSP na Quinta da Princesa

ARTIGOS TROCADOS POR DROGA SEGUIAM PARA SÃO TOMÉ

Material roubado que ia ser exportado para S. Tomé e Príncipe pelos canais legais foi ontem descoberto por agentes da Esquadra de Investigação Criminal (EIC) da PSP da Torre da Marinha, Seixal, numa operação de combate ao tráfico de droga nos bairros da Jamaica e da Quinta da Princesa, naquele concelho.

Os artigos em causa estavam embalados e prontos para serem embarcados esta semana e em todos eles havia etiquetas coladas com o nome de destinatários em S. Tomé e Príncipe, o que faz crer que se trataria mesmo de crime por encomenda.
O indivíduo em causa, que hoje vai ser presente a tribunal, era já conhecido da EIC da Torre da Marinha, uma vez que já tinha sido detido em Novembro de 2000, pelos crimes de tráfico e receptação - os mesmos que haveria agora de repetir. Na altura, aquando da detenção, chegou a reagir com violência aos agentes, conduta que manteve agora.
Saído da cadeia há menos de meio ano, os agentes voltaram a dedicar-lhe alguma 'atenção' e rapidamente verificaram que o tempo de prisão não lhe tinha servido de emenda, o que foi comprovado por várias vigilâncias realizadas.
No entanto, desta vez o traficante tinha mudado de hábitos e, embora mantendo a casa no Bairro da Jamaica, onde tinha uma companheira, conseguiu uma outra na Quinta da Princesa - onde conseguira uma outra companhia feminina - a partir de onde começou a actuar. A droga, heroína, era fornecida a um 'dealer', que por sua vez vendia as doses no Bairro da Jamaica. Quanto à receptação de material furtado era realizada no Bairro da Quinta da Princesa.
Foi aí, num rés-do-chão, que os agentes da EIC da Torre da Marinha vieram a entrar minutos depois da 07h00 da manhã de ontem, munidos dos respectivos mandados judiciais.
A porta foi arrombada e a surpresa completa, o que não deu tempo ao traficante para se desfazer dos 46,6 gramas de heroína, que na busca domiciliária foi encontrada na grelha do frigorífico. Aliás, a compra da droga terá sido realizada na noite de sábado, razão pela qual não foi encontrado qualquer dinheiro.
A PSP detectou a entrada do suspeito na casa da Quinta da Princesa, cerca das 23h00, e já nessa altura o indivíduo levaria consigo a heroína. No entanto, a polícia preferiu aguardar pela manhã de domingo, uma vez que a lei impede a realização de buscas em residências entre as 21h00 e as 07h00, e o objectivo era também deitar a mão ao material receptado. A zona foi assim mantida sob vigilância durante a noite e a madrugada e quando a EIC entrou na residência veio a encontrar, além da droga, o material furtado e embalado e pronto para ser embarcado para S. Tomé e Príncipe.
O vários materiais apreendidos, que vão de motorizadas a computadores, vão ser agora vistoriados em pormenor para chegar aos legítimos proprietários, a quem ser devolvidos.
A operação policial vai também permitir chegar a conclusões relativamente a furtos que têm vindo a ocorrer nas zonas de Almada e Seixal e cujos autores ainda não foram encontrados. Os artigos eram furtados por toxicodependentes, que por sua vez os trocavam por droga.
QUESTÕES
ESQUEMA
Não é a primeira que as polícias detectam ‘esquemas’ como o que agora foi observado. Ainda este ano a PSP da Costa de Caparica conseguiu descobrir um negócio similar, mas com destino a Angola. O líder era uma mulher, que está em preventiva.
GOLPE
Muitos dos crimes de furto estão associados ao consumo e tráfico de droga e o objectivo das autoridades é conseguir chegar à receptação.



11 Janeiro 2004 - 00h00

Violência: após perseguição automóvel na Amora

DOIS IRMÃOS AJUDAM A PRENDER LADRÕES

A PSP da Cruz de Pau, Seixal, recebeu anteontem a inesperada ajuda de dois irmãos, de 20 e 22 anos, residentes na Amora, que auxiliaram os agentes da autoridade a deter um duo indiciado em diversas situações de furtos de automóveis.

A dupla de marginais desobedeceu a um sinal de paragem ordenado pelas autoridades, encetando depois uma fuga que só viria a terminar com o despiste da viatura em que seguiam.
Um dos irmãos, que preferiu manter o anonimato por questões de segurança, referiu ao CM que tudo se passou pelas 12h00 de sexta-feira, numa altura em que estava a trabalhar perto da Igreja da Amora. "A primeira vez que vi o carro ele vinha a subir a rua. Pouco depois ouvi um estrondo e reparei que eles tinham abalroado um Hyunday Accent que estava estacionado ali perto", referiu.
No entanto, em vez de imobilizarem o Fiat Uno em que seguiam, os dois indivíduos, com idades compreendidas entre os 18 e os 20 anos, e ambos residentes no Bairro da Quinta da Princesa, resolveram seguir caminho, acossados pela presença de um carro-patrulha da PSP da Cruz de Pau, que os perseguia desde as Paivas.
Os dois irmãos resolveram agir e contornando a Igreja da Amora ainda foram a tempo de verem os dois fugitivos despistarem-se contra um quiosque de flores. "Vi os dois a fugirem e a separarem-se. Persegui um deles e quando o vi alertei um agente da PSP, que o conseguiu deter", acrescentou.
O segundo indivíduo foi apanhado graças à acção conjunta dos dois irmãos, que o 'trancaram' numa rua até à chegada da polícia.
ACÇÃO MOVIMENTADA
HAXIXE
Após o despiste da viatura, os dois jovens saíram a correr e levaram na mão um saco com 50 gramas de haxixe, que acabaram por atirar para longe. No entanto, a droga acabou por vir a ser recuperada.
TIROS
Confrontados com a fuga dos dois jovens, os agentes da PSP responsáveis pela ‘operação stop’ junto ao Jardim das Paivas efectuaram dois disparos de intimidação. No entanto, a viatura não se imobilizou.
SEGURO
Os proprietários do automóvel e do quiosque atingidos pelo Fiat Uno em fuga, já tomaram as medidas necessárias para accionar o seguro, com vista a superar os prejuízos que acabaram por sofrer.



09 Dezembro 2004 - 00h00

Setúbal - Pequenos comerciantes receiam pelo futuro

Invasão de hipermercados

Os pequenos comerciantes de Setúbal estão desesperados com a “epidemia de supermercados” que atingiu o distrito. Nos últimos meses foram apresentados mais de 30 pedidos de licenciamento para hiper e supermercados, dez dos quais já estão aprovados. Só no concelho do Seixal estão previstos três projectos. “As câmaras esfregam as mãos, mas nós deitamos contas à vida”, disse ao Correio da Manhã Landeiro Borges, presidente da Associação de Comerciantes do Distrito de Setúbal.

A nova lei dos licenciamentos comerciais, aprovada pelo Governo de Durão Barroso já este ano, veio facilitar a instalação destes espaços comerciais, daí este ‘boom’ no distrito.
Entre os projectos já aprovados, consta a instalação de um hipermercado Carrefour na Quinta da Princesa, estando ainda prevista a construção de um supermercado Plus no Fogueteiro e de um Leclerc na Amora. Recorde-se que o concelho do Seixal já tem um hipermercado Continente, neste momento em obras de ampliação.
CERCADOS
No concelho vizinho, Sesimbra, será construído outro hiper – neste caso um Feira Nova – na Quinta do Conde. Uma localidade onde já estão instalados dois supermercados, um Modelo e um Plus.
Convém lembrar que no Montijo existe uma grande zona comercial, o Fórum Montijo, e em Alcochete está instalado o Free Port. Além disso, há ainda o Almada Fórum. “O pequeno comércio está cercado por todos os lados, assim é impossível sobreviver”, refere Landeiro Borges, lembrando que os comerciantes fizeram “um grande esforço para modernizar as suas lojas e agora é dinheiro deitado fora”.
Para o presidente da associação de comerciantes, só as câmaras municipais beneficiam com estes projectos comerciais. “Não só recebem as respectivas taxas, como vêem melhoradas as zonas envolventes destes supermercados.”
Igual opinião manifesta o presidente da distrital de Setúbal do PSD. Apesar da nova lei ser da responsabilidade de um Governo social-democrata, Luís Rodrigues entende que deve ser aplicada com conta, peso e medida. “A Península de Setúbal não tem capacidade para tantas superfícies comerciais. Não há pessoas e as infra-estruturas não têm dimensão para tanto movimento.”
Tal como Landeiro Borges, o dirigente social-democrata considerou que as principais interessadas nestes projectos são as autarquias locais. “As câmaras do distrito estão com graves capacidades financeiras e não têm obra para apresentar. Estamos perante uma clara tentativa de se ludibriar os cidadãos, tentado mostrar que se fez alguma coisa quando, na verdade, estamos a falar de investimento privado”.
O CM tentou contactar as câmaras municipais envolvidas, assim como a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição mas, sendo feriado, tal revelou-se infrutífero.
ASSOCIAÇÃO CULPA NOVA LEI
O presidente da Associação Comerciantes do Distrito de Setúbal não tem dúvidas. A culpa é da lei de licenciamentos comerciais do ex-ministro da Economia Carlos Tavares. “A lei estabelece que, depois de pedido o licenciamento, as câmaras têm 45 dias para dar um parecer, se não disserem nada é considerado aprovado”, explicou Landeiro Borges. “É o que quase todas as câmaras do distrito de Setúbal têm feito.”
Para cada distrito, é criada uma comissão de avaliação destes pedidos de licenciamento. Nela têm assento os presidentes das câmaras e assembleias municipais, o Ministério da Economia, uma associação de defesa do consumidor e a associação de comerciantes. “A cruzinha do ‘sim’ do Governo normalmente já vem preenchida, se a isso juntarmos a aprovação da câmara e assembleia municipal, já temos três contra dois, não há nada a fazer”, acusa Landeiro Borges.
À associação de comerciantes resta muitas vezes tentar adiar a construção destas estruturas comerciais. “Quando há violações dos Planos Directores Municipais conseguimos travar os projectos. Pelo menos por algum tempo.”
'BOOM' DE GRANDES SUPERFÍCIES
O distrito de Setúbal não é um caso isolado no País. Em Portugal está a verificar-se um ‘boom’ de super e hipermercados. Nos últimos meses foi apresentado um número superior a 300 pedidos de licenciamento. Mais de metade dizem respeito a comércio de retalho alimentar e os restantes a comércio especializado.
Só para o próximo ano já está aprovada a construção de 60 super e hipermercados e sete centros comerciais, espalhados um pouco por todo o País. Uma notícia que, naturalmente, não agrada aos pequenos comerciantes, que não têm dúvidas em afirmar que o comércio tradicional vai ficar destruído. Os empresários das grandes cadeias defendem, por seu turno, que as licenças para novas aberturas estiveram bloqueadas nos últimos três anos. Com a nova lei, o mercado pode crescer e a palavra de ordem tem mesmo sido aumentar o investimento.
Ainda não é certo que todos estes mais de 300 pedidos sejam autorizados, mas, a concretizarem-se estes números, só na zona de Lisboa e Vale do Tejo poderão surgir cerca de 130 novas superfícies comerciais.
DADOS GLOBAIS
FACTURAÇÃO
Os mais de 40 membros da APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição) tiveram um volume de negócios de 8453 mil milhões de euros no ano passado, mais 7,5 por cento que em 2003.
PRIMEIRO LUGAR
A cadeia Continente, do Grupo Sonae, foi a que mais facturou no ano passado: 1 156 761 mil milhões de euros. Seguiram-se o Grupo Auchan, com 1048 mil milhões de euros, e o Modelo, com 1 012 324 mil milhões de euros. O Pingo Doce ficou na quarta posição, com uma facturação de 983 871 milhões de euros.
LOJAS
Das 1159 lojas, cuja área total de venda é de 1 357 453 milhões de metros quadrados, o maior volume de vendas foi do El Corte Inglés em 2003, com 209 388 milhões de euros. Seguiu-se o Continente, com 77 117 milhões de euros.
TRABALHADORES
Mais de 48 mil pessoas trabalham nos estabelecimentos de retalho. O maior número é do Pingo Doce, com 8242. Segue-se o Grupo Auchan, com 8085. O Continente ocupa a terceira posição, com 5583 trabalhadores.



19 Março 2005 - 13h00

Acusação: menina violada com o consentimento da família

Vendiam-lhe o corpo

Miserável. Não há outra palavra para definir a vida da adolescente que diz ter sido violada de forma continuada pelo Mário. E pelo Rui. E pelo José. Segundo a acusação do Ministério Público, tinha 12 anos quando os abusos começaram.

Sempre que a despiam e lhe roubavam o corpo, todos beneficiavam. Uns retiravam prazer; outros alegadas contrapartidas financeiras. Em troca, a menor recebia ameaças de agressão e morte. De quem, supostamente, lhe deveria querer bem: os pais e, posteriormente, a tia.
A Cristina, chamemos-lhe assim, tem agora 15 anos. A punição dos agressores não lhe devolverá a inocência. Mas os abusos foram denunciados e já estão em Tribunal. O julgamento decorreu à porta fechada no Tribunal do Seixal. A leitura da sentença está marcada para Abril. A violação foi confirmada pelo Instituto de Medicina Legal e um dos arguidos confessou os abusos em Tribunal.
O Ministério Público levou a julgamento seis arguidos, a quem acusou de crimes de violação, abuso sexual de criança, lenocínio de menores, cumplicidade e omissão. Entre os arguidos estão não só os três homens que alegadamente tiraram proveito do seu corpo, mas também os pais e uma tia da jovem, que o Ministério Público diz ter recebido quantias em dinheiro.
Segundo a acusação, no início de 2003, a família da Cristina foi viver para casa dos arguidos Mário e Rui, na Quinta da Princesa, Seixal. Não pagavam nada pela utilização da casa, nem os respectivos consumos de água, electridade ou gás. Em contrapartida, refere o Ministério Público, o arguido Mário “entregava mensalmente”, à mãe da menor, “a quantia de 650 euros”.
Tal como consta no processo, o arguido Mário, actualmente com 65 anos, dirigia-se ao quarto onde a menor dormia, tapava-lhe a boca, imobilizava-a, despia-a e contra a sua vontade, mantinha relações sexuais. Todas as noites. O relacionamento sexual “contava com a passividade dos pais”, diz a acusação.
No relatório de medicina legal, a jovem diz que o arguido lhe amarrava os punhos e os tornozelos à cama.
Tais ‘visitas’ levaram a menor a desabafar com a mãe. Diz o Ministério Público que a progenitora, também arguida no processo, ameaçou bater-lhe se contasse a mais alguém.
VIOLAÇÕES CONTINUADAS
Durante o tempo em que Cristina esteve naquela casa, terá sido também abusada por Rui, hoje com 35 anos, filho de Mário. Ambos os arguidos estão em prisão preventiva.
Quando o caso rebentou, a menor decidiu ir viver com uma tia, em Corroios, onde terá conhecido José, de 30 anos. Com este arguido, a jovem terá voltado a viver o inferno das violações. E sempre com o alegado consentimento da tia, segundo a acusação. O Ministério Público diz mesmo que a tia também recebia por conta deste relacionamento e que ameaçava a sobrinha de morte se contasse a alguém.
A jovem está agora num lar, onde, de acordo com um relatório psicológico, diz ter uma família unida, procurando estratégias para se aproximar da mesma.
Em termos de evolução escolar, as marcas da vida a que esteve sujeita já são visíveis. Há dois anos que a jovem frequenta o 5.º ano de escolaridade.
JOVEM ACUSA TIA DE TRAFICAR
Num dos depoimentos que prestou para memória futura, em Janeiro do ano passado, a jovem acusa a tia e o marido dela de traficarem e consumir estupefacientes.
Diz Cristina que a alegada venda seria feita em casa e que os tios eram frequentemente procurados por pessoas, mesmo durante a noite.
A tia, explicou ainda a menor, que tinha 13 anos quando prestou declarações, guardaria a droga – um pó esbranquiçado – num casaco branco curto que estaria pendurado na parede do quarto. O tio, afirmou também, guardaria outra droga – uma barra castanha – dentro de um pacote de sal, num armário da cozinha.
O produto, segundo o depoimento, seria entregue, mais ou menos, uma vez por semana em casa da tia.
COMISSÃO DE PROTECÇÃO ESTAVA A AVALIAR A TIA
O mais triste da vida desta jovem é que o chamado sossego do lar nunca lhe serviu de conforto. Muito pelo contrário. Segundo consta na acusação, a violação e os abusos contaram precisamente com a passividade e cumplicidade da família. Daí que, pais respondam pelo crime de abuso sexual de criança e violação agravada, por omissão. Já a tia – com quem a menor viveu apenas quatro meses – foi a Tribunal pelo crime de abuso sexual de criança, por cumplicidade e lenocínio de menores.
Mas a responsabilidade deve também ser assacada ao Estado e às entidades que promovem a protecção dos menores em risco. A denúncia deste caso originou a prisão preventiva de dois dos arguidos, mas ninguém afastou a menor da família.
De acordo com a acusação, foi a própria Cristina que decidiu ir viver com a tia. Segundo alguns juristas contactados pelo CM, as entidades que tomam conta destes casos em primeiro lugar são a Polícia, o Ministério Público e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. “O mais provável é que a comissão, enquanto analisava o caso, tenha pensado que o risco estava afastado quando a menor foi viver com a tia”, referiu um dos juristas.
A jovem, note-se, esteve quatro meses na casa da tia, findos os quais a comissão interveio finalmente. Contactada pelo CM, a responsável do Ministério Público que realizou o inquérito escusou-se a prestar declarações. As responsáveis da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens do Seixal também não estavam disponíveis.
QUE ADOLESCÊNCIA
LARES
Neste momento, Cristina está à guarda de uma instituição de solidariedade social, longe da família. De resto, esta não é a primeira vez que a adolescente vive institucionalizada. Já havia estado anteriormente, num lar do Laranjeiro, de onde a mãe foi buscá-la.
ENAMORADA
Por mais inacreditável que pareça, Cristina enamorou-se por um dos seus alegados abusadores, o Rui. No processo constam cartas que trocavam com juras de amor. Apesar de as eventuais relações sexuais com a menor terem contado com o seu consentimento, não deixam de ser ilícitas.



12 Maio 2005 - 00h00

Caso da Herdade da Vargem Fresca - Não o conteúdo

Autarca de Benavente critica momento da decisão

O presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão, reafirmou esta quarta-feira o interesse do município no empreendimento turístico da Portucale em prole do qual dois ex-dirigentes do CDS-PP, Abel Pinheiro (ex-tesoureiro do partido) e Luís Nobre Guedes (ex-ministro do Ambiente), foram ontem indiciados por tráfico de influências. O autarca criticou apenas que a decisão de abate de sobreiros tenha sido formalizada a quatro dias de eleições legislativas.

A quatro dias das eleições de Fevereiro último, Nobre Guedes assinou com outros dois ministros do governo cessante - Telmo Correia (Turismo, CDS-PP) e Costa Neves (Agricultura, PSD) - um despacho que autorizava o abate de sobreiros na Herdade da Vargem Fresca, área onde a Portucale, ligada ao Grupo Espírito Santo, tenta desde 1991 implementar um empreendimento turístico.
O obstáculo da Portucale é a lei que protege os sobreiros em Portugal. Por duas vezes a Portucale foi autorizada a abater sobreiros e sempre nos dias finais de governos tutelados pelo PSD: o segundo de Cavaco Silva (1995) e o efémero de Santana Lopes (2005). Por duas vezes, os governos socialistas que se seguiram revogaram as autorizações dos governos de saída. Três elementos ligados ao Grupo Espírito Santo foram também constituídos arguidos (ver artigo relacionado).
O presidente da Câmara Municipal de Benavente (desde 1980, um dos autarcas mais veteranos no País), que é também um dos cinco vice-presidentes da Associação Nacional de Municípios Portugueses, garantiu hoje que estranhou logo na altura quando soube que a decisão favorável ao abate de sobreiros na Herdade da Vargem Fresca tinha sido tomada a quatro dias das legislativas de 20 de Fevereiro, das quais o PS saiu com maioria parlamentar absoluta. De acordo com o autarca, esta forma de tomar decisões difíceis "é um pecado de vários governantes" que gera "suspeição" e "não credibiliza" quem toma as decisões.
A crítica está no momento da decisão, mas não no conteúdo. O autarca da CDU insiste em como o projecto da Portucale interessa ao município de Benavente, nomeadamente pela criação de postos de trabalho, e refere mesmo que a questão da protecção legal dos sobreiros já deveria estar ultrapassada. António José Ganhão indica o exemplo de Espanha, onde o sobreiro permanece proibido, mas a proibição do abate é substituída pela obrigatoriedade de transplante.
O presidente da Câmara de Benavente disse ainda que a autarquia ratificou o estudo preliminar do projecto da Portucale no início dos anos 90 apenas por que os pareceres da administração central eram todos favoráveis.
Como se sabe, a alienação dos terrenos da Herdade da Vargem Fresca pela Companhia das Lezírias foi considerada pelo Ministério das Finanças lesiva para os interesses da empresa agrícola estatal, a maior do País e uma das maiores da Europa, lucrativa desde 1996. António José Ganhão revelou que, quando surgiram essas suspeitas, os serviços da autarquia a que preside pediram um parecer à Inspecção-geral da Administração do Território, "que não fez qualquer reparo".
DE UTILIDADE PÚBLICA
Para José Ganhão, o abate de sobreiros é um problema que já devia estar resolvido, bastando a exigência de transplantá-los para zonas não reclamadas por “projectos de desenvolvimento” como o da Portucale, que significa emprego num município a braços com a falta dele. Nos termos da lei apenas empreendimentos de imprescindível utilidade pública justificam o abate. Mas, no entender do autarca, se o Governo considera de utilidade pública a instalação de empresas estrangeiras em Portugal, devia fazer o mesmo neste caso.
CORTIÇA AO FIM DE 25 ANOS
Abater sobreiros demora poucos minutos, mas até à primeira tirada de cortiça, é preciso que passem 25 anos. Uma árvore destas pode viver mais de dois séculos e sujeita-se, em média, a 20 tiradas de matéria-prima. Cada uma das recolhas de cortiça permite fabricar sete mil rolhas deste material.
O montado de sobro, que ocupa cerca de 750 mil hectares, merece protecção legal por causa do valor económico associado, mas não só. Os sobreiros desempenham um papel importante na conservação do solo, na regularização do ciclo hidrológico e na qualidade da água. O montado é a ‘casa’ de águias, perdizes e pombos-bravos.
SEIXAL: ABATE DE SOBREIROS
O PSD e o PS querem ver esclarecidas as circunstâncias em que foram abatidos 942 sobreiros na Quinta da Princesa, na Amora, concelho do Seixal. Segundo um requerimento entregue ontem na Assembleia da República, o deputado do PSD Luís Rodrigues quer saber se se confirma qualquer aprovação para construção da Quinta da Princesa. Segundo relata o deputado, “para a área de quatro hectares, onde terá decorrido a infracção, a associação ambientalista Quercus afirma estar prevista a construção de um hipermermercado da cadeia Carrefour”.
Também o PS estranha o abate dos cerca de mil sobreiros. O líder da bancada do PS na Assembleia Municipal do Seixal, José Assis, questionou a Câmara do Seixal (CDU). Tal como Luís Rodrigues, José Assis quer saber quem abateu os sobreiros, quem é o dono do terreno e ainda qual o protocolo que está subjacente às obras que estão no terreno.
VOX POPULI
“O empreendimento turístico da Portucale é bem- -vindo pela população de Santo Estevão, [concelho de Benavente] porque significa desenvolvimento e emprego. A verdade é que vivemos a 50 quilómetros da capital mas nem transportes temos para ir lá. A nossa povoação é uma espécie de ilha, que parece perto mas está longe de tudo”. Cristiona Sousa, comerciante
“Temos por cá muitos sobreiros. O que nos falta é trabalho. Eu pensava que eles iam construir os hotéis na Vargem Fresca. Dizem-me agora que não. Parece-me errado. Esta terra precisa de postos de trabalho. Eu trabalhei na agricultura, mas neste momento já não é possível viver da terra. É preciso arranjar alternativas”. Pedro eugénio, reformado



16 Outubro 2005 - 00h00

Seixal: abatidos 1205 sobreiros ilegalmente

Proibido construir na Quinta da Princesa

O Ministério da Agricultura proibiu, por um período de 25 anos, quaisquer alterações do uso do solo na Quinta da Princesa, Seixal, onde foram cortados ilegalmente 1205 sobreiros para a execução de um projecto urbanístico que inclui a construção de um hipermercado Carrefour.

As autoridades ainda não aplicaram nenhuma sanção porque o processo não está concluído, mas o reeleito presidente da autarquia, Alfredo Monteiro, da CDU, tem um problema para resolver: já estão construídas ou com empreitadas em curso infra-estruturas rodoviárias (nomeadamente na EN10, em Corroios e no nó da Cruz de Pau) que, alegadamente, resultam de contrapartidas da referida grande superfície.
Afinal, a quantidade de sobreiros abatidos, no início de Maio, do referido local, propriedade da Sociedade Quinta da Princesa – Empreendimentos imobiliários, Lda, não foi de 852, como inicialmente foi referido, mas sim 1205. Isto de acordo com um ofício do Ministério da Agricultura, entidade que procedeu a uma nova contagem das árvores abatidas.
O ofício em causa, n.º 2584, de 30 de Setembro de 2005, foi revelado na sequência de dois requerimentos do deputado do PSD Luís Rodrigues (12 de Maio e 16 de Setembro) enviados ao ministro dos Assuntos Parlamentares a pedir explicações sobre o caso. “Vamos ver como a Câmara do Seixal vai descalçar esta bota”, afirmou ao CM Luís Rodrigues, referindo-se à questão das contrapartidas, que calcula poderem ascender a alguns milhões de euros.
O presidente da Câmara do Seixal, através do seu assessor, afirmou ao CM que só se pronunciará quando o processo estiver concluído. Quanto à proibição de construção no local, a Câmara diz não ter conhecimento do ofício do Ministério da Agricultura. Luís Rodrigues, no entanto, estranha esse desconhecimento, porque tanto quanto sabe o ofício foi enviado à Câmara.
Também os responsáveis do Carrefour se recusaram a falar sobre o assunto.
NOVO REQUERIMENTO DO PSD
O deputado do PSD Luís Rodrigues não se deu por satisfeito com as respostas aos seus dois primeiros requerimentos, porquanto não respondem a questões fundamentais, como, por exemplo, quais foram exactamente as contrapartidas, como é que a Câmara do Seixal as vai pagar (dado estar confirmada a impossibilidade de construção no local durante 25 anos) e para quando se prevê a conclusão do processo de contra-ordenação. Por isso, vai requerer às entidades envolvidas no caso – ministérios da Economia, Ambiente, Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional e da Agricultura, bem como à Câmara do Seixal – que lhe seja prestada toda a informação.
O novo requerimento tem a data de 14 deste mês e vai ser entregue esta semana na Assembleia da República. Luís Rodrigues espera que a resposta às suas perguntas não demore cinco meses como aconteceu com as anteriores.



25 Novembro 2005 - 00h00

Almada: Segundo receptador detido pela GNR em dois dias

Guerra à receptação

Em apenas 48 horas, dois grande receptadores de material furtado na Margem Sul do Tejo foram detidos pela GNR de Almada. Depois de, na terça-feira, terem detido um cabo-verdiano de 45 anos, residente no Monte da Caparica, os militares do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) apanharam ontem outro suspeito.

Residente na Cruz de Pau, Seixal, o indivíduo guardava em casa material proveniente de dois furtos realizados nas imediações da estação de Corroios.
A investigação que ontem conduziu à detenção começou no final de Maio. As vítimas de dois roubos por esticão, realizados no túnel que liga Corroios a Santa Marta do Pinhal, no concelho do Seixal, apresentaram queixa à GNR. O NIC da GNR de Almada lançou mãos ao inquérito, chegando mesmo a conseguir provas fotográficas dos dois delitos.
Seis meses depois dos crimes, os militares do NIC conseguiram finalmente chegar até ao produto roubado. Dois telemóveis, um leitor de DVD, algum dinheiro, e documentos pessoais, que foram localizados numa casa da Quinta da Princesa, um bairro degradado da Cruz de Pau, Seixal. Ao princípio da manhã de ontem, o receptador do material furtado, um indivíduo de 25 anos já condenado em tribunal por crimes de condução sem carta, foi ‘acordado’ por militares do NIC.
Numa arrecadação da sua casa guardava oito telemóveis, um leitor de DVD, uma consola ‘Playstation’, e um computador portátil.
Constituído arguido, o suspeito foi sujeito a Termo de Identidade e Residência, e libertado.
OUTROS CASOS NA MARGEM SUL
CAPARICA
Na terça-feira de manhã, quando entraram na residência de um suspeito de receptação, no Monte da Caparica, militares da GNR de Almada encontraram 48 telemóveis furtados.
V.FIGUEIRA
A 25 de Outubro, caiu nas mãos da GNR de Almada um traficante de aves exóticas. Para além de 48 pássaros, o indivíduo guardava na sua casa de Vale Figueira diverso material furtado.
JAMAICA
Uma rusga surpresa na casa de uma imigrante são-tomense de 47 anos, no Bairro do Jamaica, Seixal, permitiu à GNR de Almada recuperar, a 13 de Outubro, material furtado.



02 Janeiro 2006 - 00h00

PSP do Seixal detém cinco homens

Roubavam com faca

Cinco homens, entre os 17 e os 20 anos, foram detidos pela Esquadra de Investigação Criminal (EIC) da PSP do Seixal por suspeita da prática de inúmeros roubos com faca e ofensas à integridade física, na Cruz de Pau, Seixal.

Os detidos, residentes na Quinta da Princesa, Amora, e em Santo António dos Cavaleiros, Loures, foram surpreendidos em flagrante na posse de uma quantidade de telemóveis topo de gama e artigos em ouro.
Todos os artigos, segundo apurou o CM junto de fonte policial, são provenientes de um número, ainda indeterminado, de roubos com arma branca.
Após as detenções, feitas na quinta-feira, os suspeitos foram alvo de diversas provas de reconhecimento pessoal. Pelo menos um dos indivíduos foi reconhecido por uma vítima.
Os cinco foram, posteriormente, presentes ao Tribunal de Família e Menores da Comarca do Seixal. Três deles recolheram em prisão preventiva à cadeia do Montijo, enquanto os outros dois foram sujeitos a apresentações diárias à PSP, até final do inquérito.
Ainda na quinta-feira, a EIC da PSP do Seixal deteve outros quatro homens, por suspeitas da prática de furtos de electrodomésticos na zona da Amora.



12 Fevereiro 2006 - 00h00

Tinha saído recentemente da prisão

Detido por tráfico de droga

Um homem, de 29 anos, foi detido pela PSP, na margem Sul, por suspeita de crimes de tráfico de estupefacientes e substâncias psicotrópicas e ameaças à integridade física com recurso a arma de fogo. O suspeito tinha saído recentemente da prisão, onde cumpriu uma pena de cinco anos por assaltos à mão armada.

A detenção ocorreu no Bairro da Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, através de uma busca domiciliária realizada por duas brigadas de investigação criminal do Seixal e pela brigada de intervenção rápida da Cruz de Pau/Amora, que apreenderam 160 doses individuais de cocaína, um punhal e duas facas.
O Tribunal do Seixal mandou o detido em liberdade até à conclusão do inquérito.



27 Maio 2006 - 00h00

Três suspeitos detidos na Quinta da Princesa, Cruz de Pau

PSP apreende pistola-metralhadora Uzi

A PSP de Almada apreendeu anteontem, no bairro da Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, Seixal, uma pistola-metralhadora Uzi, devidamente municiada, a um homem que tentou escapar à detenção.

O suspeito, ao que apurou o CM, está coagido a apresentações periódicas ao posto da GNR de Miratejo já que no Verão de 2005 foi detido por participação numa série de furtos a moradias em Corroios, Seixal.
Para além deste indivíduo, os agentes da PSP detiveram mais dois homens, um dos quais estava evadido da cadeia de Pinheiro da Cruz, onde cumpria nove anos de prisão por crimes de furto qualificado e tráfico de droga. É um ‘velho conhecido’ da PSP, com ficha por assaltos à mão armada e tráfico.
O grupo foi detectado, pelas 02h00 de quinta-feira, numa viatura suspeita. Com o auxílio de uma pistola-metralhadora Beretta, os agentes tentaram abordar os suspeitos. Mas quando o fizeram um deles fugiu, atirando algo para o chão.
A patrulha conseguiu deter o fugitivo, apreendendo um revólver com sete munições, do qual este se havia livrado na fuga. Os dois homens que ficaram na viatura foram também detidos, tendo-lhes sido apreendido um saco com uma pistola-metralhadora Uzi municiada com 21 munições no carregador, vários gorros, um par de algemas, e luvas.
O detido que se encontrava evadido regressou à cadeia, enquanto os outros dois vão aguardar julgamento com apresentações semanais às autoridades policiais.
A Uzi foi entregue à Polícia Judiciária Militar, que vai averiguar a sua proveniência.



31 Dezembro 2006 - 00h00

PJ tem pistas sobre crime no autocarro

Homicida usava brincos de ouro

O autor do homicídio que, na terça--feira à noite, vitimou um jovem caboverdiano de 18 anos dentro de um autocarro da Fertagus, no Seixal, é branco, tem entre 20 e 30 anos, e usava um par de brincos na noite do crime.

A Polícia Judiciária de Setúbal já conseguiu traçar o primeiro perfil do responsável pelo crime que, logo após ter desferido as facadas fatais na vítima, se colocou em fuga.
Wilson Lopes, a vítima, apanhou um autocarro da Fertagus junto à estação do Fogueteiro, pelas 21h35 de terça-feira, sentando-se ao lado do autor do crime. Junto à escola preparatória Nuno Álvares, na Arrentela, no momento em que o autocarro parou, Wilson tirou uma faca para assaltar o homem que seguia ao seu lado.
O indivíduo reagiu, pegando na faca do jovem, e desferindo-lhe com a mesma um golpe no peito.
Ao que o CM apurou, o agressor poderá ser do bairro da Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, cujos gangues são conhecidos pelas divergências que mantêm com os grupos de jovens da Arrentela.



02 Maio 2007 - 00h00

Seixal: Grupo da Arrentela deixa rasto de destruição

Gang à solta pelas ruas

Os moradores da Av. 1.º de Maio, no Fogueteiro, Seixal, viveram ontem uma madrugada de sobressalto. Um grupo de cerca de trinta jovens, residentes na freguesia da Arrentela, destruiu à pedrada as montras de vários estabelecimentos comerciais daquela artéria, minutos depois de ter abandonado à pressa o bairro do Jamaica, situado nas imediações do local dos distúrbios.

Segundo a PSP, o gang ter-se-á mesmo envolvido em confrontos com um grupo rival do Jamaica, sem que, no entanto, tenha havido registo de feridos.
Ontem de manhã, vários moradores da Av. 1.º de Maio contaram ao CM a noite difícil que viveram, mas todos solicitaram o anonimato, alegando medo de represálias.
“Eram 03h30 quando vim à janela e reparei que dezenas de indivíduos estavam mesmo por baixo do meu prédio”, referiu um dos moradores. Os distúrbios não tardaram.
Pedras da calçada, garrafas e até barras de ferro. Segundo as testemunhas ouvidas, tudo terá servido de arma de arremesso. “Primeiro destruíram os vidros de duas montras de uma pastelaria, aproveitando para roubar várias garrafas de bebida”, adiantou uma comerciante.
A fúria do grupo virou-se depois para um clube de vídeo. “Partiram os vidros da porta”, referiu a proprietária do estabelecimento. Pelo meio, uma paragem de autocarros também foi alvo de violência. “Estilhaçaram-na à pedrada”, explicou outro popular.
Antes de abandonarem o local, os desordeiros tiveram ainda tempo para partir à pedrada a montra de uma dependência do Millennium.
Entretanto já a PSP havia sido alertada. “Fomos chamados inicialmente por causa de tiros ouvidos no bairro do Jamaica”, referiu fonte policial.
Antes de se deslocar à Av. 1.º de Maio, uma patrulha da PSP da Cruz de Pau foi ao Jamaica. “Não encontrámos invólucros de munições, nem sequer feridos”, referiu. No local dos distúrbios já só foi possível contabilizar os prejuízos. A polícia não chegou a tempo de fazer quaisquer detenções.
TORRES ALBERGAM 150 FAMÍLIAS
Os primeiros a chegar foram um grupo de são-tomenses. Em 1983 encontraram um local para morar, na Quinta dos Chicharros, Fogueteiro, no concelho do Seixal. Várias torres, todas com mais de cinco andares, foram deixadas a meio pelos construtores civis e estavam prontas a ser ocupadas, sem ser necessário pagar de renda. Havia só um problema: os prédios tinham apenas pilares e placa. Mas isso não afastou os novos moradores. Com o passar dos anos, amigos e compatriotas assentaram tijolos, levantaram paredes e foram criando um ambiente mais familiar para os filhos.
Hoje, passadas mais de duas décadas, cerca de 150 famílias habitam o rebaptizado bairro do Jamaica. Sem luz, água canalizada, nem tão pouco esgotos, imigrantes das ex-colónias portuguesas, ciganos e alguns (poucos) imigrantes da Europa de Leste aguardam que a Câmara do Seixal se lembre de os enquadrar no Plano Especial de Realojamento. Mas a espera é longa e dura. Praticamente todas as semanas, PSP e GNR visitam o bairro, investigando inquéritos de tráfico de droga e roubos. “Trata--se de um bairro difícil, especialmente para as polícias”, disse ao CM fonte policial.
PORMENORES
DESTRUIÇÃO
Um morador da Av. 1.º de Maio, testemunha dos actos de vandalismo, recordou ao ‘CM’ os “cerca de vinte minutos consecutivos de violência a que assistiu”. “Durante todo esse tempo eles apedrejaram tudo quanto viram. Foi assustador”, salientou.
SANGUE
A PSP investiga um rasto de sangue encontrado numa escadaria que dá acesso ao bairro do Jamaica, situado paredes meias com o local dos distúrbios. “Analisa-se a hipótese de terem havido confrontos físicos”, referiu fonte policial.
FÁBRICA
Moradores queixaram-se ao ‘CM’ de que, na Av. 1.º de Maio, perto do local dos distúrbios, existem instalações de uma empresa abandonada, que servem de abrigo a toxicodependentes. “Quem passar por ali à noite é alvo de roubos consecutivos”, exemplificou uma moradora.
SAIBA MAIS
4649 casos de delinquência juvenil registados pela PSP e pela GNR em 2006. A criminalidade grupal aumentou 12.9% no mesmo ano, tendo sido registados 7595 casos.
5 são os bairros mais problemáticos da Margem Sul: Picapau e Monte da Caparica (Almada), Jamaica, Quinta da Princesa (Seixal) e bairro da Bela Vista (Setúbal).
CRIMINALIDADE GRUPAL
Os grupos são normalmente constituídos por jovens, que actuam de modo expontâneo, sem planear os crimes. É frequente o uso de armas de fogo.
RUSGAS
O bairro do Jamaica situa-se na área de policiamento da PSP da Cruz de Pau. É alvo de frequentes rusgas das autoridades, que têm feito várias detenções.



26 Julho 2007 - 00h00

Seixal: Tido como um 'importante traficante'

Cerco ao Jamaica para deter suspeito

Ao fim de quatro meses de investigações, a PSP do Seixal conseguiu deter um cabo-verdiano de 23 anos responsável por mais de 90% do tráfico de heroína e cocaína no Bairro do Jamaica, no Fogueteiro, considerado um dos bairros mais problemáticos da margem sul do Tejo.

Residente na Quinta da Princesa, na Cruz de Pau, o indivíduo deslocava-se diariamente ao Bairro do Jamaica para vender droga. “Lidava só com heroína e cocaína”, disse ao CM fonte policial.
A assiduidade da presença do traficante no Jamaica levou a PSP do Seixal a aperceber-se de uma constante movimentação de toxicodependentes no bairro. Era frequente ver compradores vindos de todo o concelho do Seixal, e de concelhos limítrofes, concentrados no bairro, empenhados em comprar doses de cocaína e heroína.
Encarregada do inquérito, a Esquadra de Investigação Criminal (EIC) da PSP do Seixal montou vigilância constante ao bairro, e depressa conseguiu traçar o ‘modus operandi’ do suspeito. “Ao volante de um Honda Civic, o indivíduo entrava no bairro logo de manhã. Depois passava o dia a caminhar, com uma bolsa à cintura. Lá dentro trazia já a heroína e cocaína repartida em pequenas doses”, acrescentou o informador.
Na terça-feira, de manhã, e já na posse do mandado judicial, a EIC da PSP do Seixal viu-se forçada a cercar o Bairro do Jamaica, “para evitar imprevistos”.
Quando foi detido, o jovem cabo-verdiano admitiu esperar pela intervenção policial.
Foi encontrado com 50 gramas de heroína e cocaína e algum dinheiro. Presente ontem ao Tribunal do Seixal, vai aguardar julgamento em prisão preventiva.



21 Março 2008 - 00h30

Almada: Assalto a ourivesaria durante a madrugada

Roubo rende um milhão

Ladrões ‘limparam’ apenas os expositores mais altos, onde estavam os objectos mais valiosos da Ourivesaria Tomé
Ladrões ‘limparam’ apenas os expositores mais altos, onde estavam os objectos mais valiosos da Ourivesaria Tomé

Um milhão de euros em ouro, jóias e relógios." Este é o prejuízo dos proprietários da Ourivesaria Tomé, junto ao mercado de Almada, depois de um assalto com contornos de filme que ocorreu na madrugada de ontem.

Às 4h20, a proprietária da Ourivesaria – que pediu ao CM para não ser identificada – recebeu no telemóvel o aviso que o seu estabelecimento estava a ser assaltado. "Como moro perto daqui, meti-me no carro e fui logo para o local. Não consegui lá chegar pois os ladrões bloquearam a rua com um carro", explicou.
Quando chegou ao estabelecimento, já os ladrões se tinham ido embora. "Arrombaram a montra com um jipe Nissan Patrol e três deles entraram na ourivesaria. Em cinco minutos ‘limparam’ as prateleiras que tinham os objectos de maior valor. Souberam escolher as jóias de gama alta, o ouro e os relógios mais valiosos. Nem se preocuparam com a prata que estava nas prateleiras mais baixas."
O CM apurou que o gang era composto por quatro indivíduos, mas apenas três entraram na ourivesaria. O outro elemento aguardou ao volante de um BMW M3 de cor escura no qual fugiram a alta velocidade. A PSP ainda conseguiu detectar o veículo perto de Corroios, mas perdeu-lhe o rasto ao chegar à Quinta da Princesa. O carro foi recuperado horas depois nesse mesmo bairro, mas não havia nenhum sinal dos ladrões.
Certo é que os três veículos foram roubados com antecedência e o roubo muito bem planeado. De acordo com o relato de comerciantes locais, o Nissan Micra usado para bloquear a rua esteve estacionado durante dois dias em frente à ourivesaria Tomé. Foi a sua retirada do lugar de estacionamento que criou espaço para o jipe abalroar a montra.
O roubo ficou registado no sistema de videovigilância, mas os três indivíduos que entraram na ourivesaria estavam encapuzados. As imagens estão na posse da Polícia Judiciária, que esteve ontem à tarde no local para recolher indícios que possam conduzir aos assaltantes. – *com Joissayed Ramos l
OBRIGADOS A PAGAR À POLÍCIA
O sentimento de insegurança no centro de Almada está tão elevado que alguns comerciantes estão a pagar à PSP para efectuar serviço à porta dos seus estabelecimentos. Arlindo Lourenço, proprietário de uma casa de penhores especializada em objectos de ouro na porta ao lado da Ourivesaria Tomé, contou ao CM que para evitar ser assaltado – costuma ter jóias muito valiosas em exposição na montra – solicitou à PSPde Almada a presença de um agente durante o horário de funcionamento. Por esse serviço gratificado paga cerca de 1500 euros por mês: "Tem de ser. Toda a gente sabe que uma ourivesaria tem mais valores nos interior do que qualquer banco e é mais fácil de assaltar." Arlindo Lourenço acusa ainda as autoridades de serem brandas com os criminosos. "Quem escolhe ser polícia tem o dever de proteger os cidadãos, mas o que vejo é tudo sentado à secretária e ninguém nas ruas a cumprir a missão para a qual é pago".
SEM RESPOSTA DA CÂMARA HÁ QUATRO MESES
O CM teve acesso a um documento da Câmara Municipal de Almada que comprova a entrada nos serviços municipais de um pedido para a "colocação de impedimentos físicos no passeio" nas zonas envolventes ao mercado de Almada. O objectivo seria a colocação de pilaretes que impedem, por exemplo, a projecção de um veículo contra as montras. O pedido deu entrada no dia 29 de Novembro do ano passado, mas até agora não houve resposta. Arlindo Lourenço, dono da Crepalma, acusa a Câmara de não querer perder lugares de estacionamento pago e só não fez o obra por conta própria "porque a seguir era multado de certeza".
O CM tentou contactar o Departamento de Trânsito, Rede Viária e Manutenção da Câmara almadense, mas, devido à tolerância de ponto, não obteve resposta.
APONTAMENTOS
SANGUE
Pelo menos um dos indivíduos que entraram na ourivesaria Tomé cortou-se durante o assalto e deixou marcas de sangue em várias paredes e prateleiras do estabelecimento.
GUARDA-NOCTURNO
O Mercado de Almada, situado a cerca de dez metros da Ourivesaria Tomé, tem um guarda--nocturno. Foi este funcionário quem ligou para a PSP a denunciar o Lassalto.
ALARME NO TELEMÓVEL
A proprietária da Ourivesaria Tomé foi alertada para o assalto assim que os ladrões "tocaram na grade". O sistema de alarme instalado na loja está preparado para comunicar de imediato a ocorrência para o telemóvel. Não foi suficiente.
DANOS NA FACHADA
A montra da loja ficou com os pilares de granito e as lajes de suportes partidas devido à violência do embate.



04 Setembro 2008 - 01h44

Operação

Operação de fiscalização na Margem Sul


Dois bairros da Margem Sul – Vale da Amoreira (Moita) e Quinta da Princesa (Seixal) – foram ontem à noite alvo de uma operação de fiscalização por parte da PSP que envolveu as Brigadas de Intervenção Rápida.



05 Setembro 2008 - 00h30

Barreiro, Seixal e Loures

Oito detidos em três operações da Polícia

Três acções de fiscalização, realizadas na noite de anteontem e madrugada de ontem, em três bairros problemáticos da Grande Lisboa – Vale da Amoreira (Barreiro), Quinta da Princesa (Seixal) e Quinta da Serra (Loures) – resultaram na detenção de oito pessoas: quatro com excesso de álcool, três por falta de carta de condução e uma, por estar em situação ilegal no País.

Além destas detenções foram, ainda, apreendidas na Quinta da Princesa, duas viaturas (uma por falta de seguro e outra por falta de inspecção) e identificadas cinco pessoas: duas por terem na sua posse algumas gramas de haxixe e três por conduzirem com excesso de álcool (entre 0,5 e 1,20g/l).

Nas três operações participaram agentes das respectivas divisões, equipas cinotécnicas, Equipas de Intervenção Rápida e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que totalizaram 170 elementos: 59 na Quinta da Princesa, 16 no Vale da Amoreira e 97 na Quinta da Serra.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=766782E7-220B-4E92-A25D-9B063C18F45E&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010



13 Outubro 2008 - 00h30

Seixal

Baleado na perna por grupo rival

O bairro do Jamaica, Seixal
O bairro do Jamaica, Seixal

O bairro do Jamaica, no Fogueteiro, Seixal, foi anteontem palco de um ajuste de contas. Um grupo de jovens de outro bairro deslocou-se propositadamente ao bairro, onde um jovem de 17 anos foi baleado numa perna.

Fonte policial disse ao CM que o grupo de agressores é da Quinta da Princesa, na Cruz de Pau. "A agressão poderá ter a ver com rivalidades de gangs", acrescentou o informador.

O ferido, residente no bairro do Jamaica, foi surpreendido pelos agressores pelas 22h00 de sábado. "O jovem estava com outras pessoas na rua, quando apareceu um grupo de seis ou sete agressores. Foram feitos dois disparos de pistola, calibre 6,35 mm, e um deles atingiu o jovem na perna", concluiu o mesmo informador.

O ferido foi assistido no Hospital Garcia de Orta, em Almada, e já teve alta. A PSP recolheu os invólucros das balas disparadas e entregou-os à Polícia Judiciária de Setúbal.



11 Dezembro 2008 - 00h30

Seixal - Megaoperação levou à detenção de dez homens em dois bairros

Gang sequestra barões da droga

Catarina Correia queixa-se de ter ficado com a porta partida depois de a polícia entrar em sua casa para efectuar mais uma busca domiciliária
Catarina Correia queixa-se de ter ficado com a porta partida depois de a polícia entrar em sua casa para efectuar mais uma busca domiciliária

Bairro da Jamaica e Quinta da Princesa, Seixal, pouco antes das 06h00. Mais de 200 inspectores da Polícia Judiciária, com equipas do Grupo de Operações Especiais e do Corpo de Intervenção da PSP, entraram ontem em 40 casas à procura de 15 homens. Apanharam dez, suspeitos de sequestro a traficantes e aos respectivos clientes, a quem roubaram largos milhares de euros em dinheiro e droga.

Esta megaoperação foi liderada pela Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ, na sequência de uma investigação que já se prolonga desde 2006, apurou o CM. 'Chegaram aqui, partiram a porta e entraram à procura de pessoas que eu nem sequer conheço', garantia pouco depois ao nosso jornal Catarina Correia, uma moradora do bairro da Jamaica alvo das buscas domiciliárias. 'Foi um susto muito grande. Acordei com as armas dos agentes apontadas à cara.'

À mesma hora, outro grupo de inspectores da PJ, com agentes da PSP, entrava de rompante pela Quinta da Princesa, mais um bairro problemático do Seixal, na Margem Sul do Tejo. Os moradores foram apanhados de surpresa pelas dezenas de buscas – a polícia passou as casas a pente-fino e, além de encontrar os suspeitos, o objectivo era procurar meios de prova: armas, droga, dinheiro e telemóveis utilizados para a organização de vários sequestros.

'Nada lhes escapou. Até deram cabo de garagens para encontrar o que procuravam', adianta um morador. Com um total de 250 homens envolvidos, a polícia deteve dez dos 15 suspeitos – que deverão ser hoje presentes a tribunal.

Este grupo, considerado perigoso, tem ligações a um outro, que durante anos também se dedicou a sequestrar e a roubar dinheiro e droga a traficantes e compradores de droga. Actuavam a partir de bairros da Amadora, até que a PJ os prendeu. Mas mantiveram contactos no exterior a partir da cadeia – e os sequestros continuaram, com outros elementos.

VÍTIMA ABATIDA E CORPO REGADO A GASOLINA

Em Fevereiro deste ano, o CM noticiou a detenção de um grupo de onze homens, que se dedicava igualmente à prática de sequestros de traficantes de droga para pedirem resgates às famílias. Uma das vítimas do gang acabou mesmo por ser abatida a tiro – e, após regarem o corpo com gasolina, ainda lançaram fogo ao cadáver, isto depois do pedido de resgate ter sido denunciado à Polícia Judiciária.

A investigação da PJ aponta para que, passados nove meses, os dez homens, que foram ontem detidos na sequência das buscas domiciliárias nos bairros da Quinta da Princesa e da Jamaica, no Seixal, estejam ligados ao grupo que em Fevereiro foi julgado no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa. Tudo passa por conversas e instruções dadas da cadeia para o exterior.

'AQUELES BAIRROS DEVIAM SER DESTRUÍDOS'

Durante todo o dia de ontem, a megaoperação da Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ, com a cooperação do GOE e Corpo de Intervenção da PSP, dominou as conversas no Seixal. O CM falou com vizinhos dos bairros problemáticos da Jamaica e Quinta da Princesa e todos foram unânimes: 'Aqueles bairros deviam ser destruídos.' Vários problemas são apontados, como o uso de armas, o tráfico, consumo de droga e os roubos. 'Quantas vezes somos acordados com os tiros que eles mandam. São um verdadeiro desassossego. Não fazem aqui falta nenhuma.'

SAIBA MAIS

ASSOCIADOS AO TRÁFICO

Jamaica e Quinta da Princesa são dois dos bairros mais problemáticos da Margem Sul do Tejo. Localizados no concelho do Seixal, na freguesia de Amora, estão associados ao tráfico de droga.

30 é o número de anos que estes dois bairros, de carácter social (realojamento), têm de existência. Estão bastante degradados e ambos são habitados, essencialmente, por africanos provenientes das ex-colónias.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=EBE509D1-9F53-44F0-84DE-1459D00B3BB6&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010


12 Dezembro 2008 - 00h30

Rapto - o queixoso da operação da PJ é Olavo F., um barão da droga

Preso paga resgate de amigo traficante

Dois anos depois, PJ resolveu o caso com 240 homens em buscas a 40 casas: 11 presos.
Dois anos depois, PJ resolveu o caso com 240 homens em buscas a 40 casas: 11 presos

Velho conhecido na Judiciária, Olavo F. é um dos grandes traficantes de curta estadia na cadeia. Ainda nos anos 90, até ser apanhado pela primeira vez, era a irmã quem lhe trazia heroína de Roterdão, Holanda, onde vivia. Iolanda tinha ligação directa aos turcos – grandes fornecedores. Só que uma década depois foi um turco a tramar Olavo.

Roubou-lhe 300 mil euros, em 2006, em vez de lhe arranjar droga. E o dinheiro não era de Olavo – era de um grupo de investidores a exigir tudo de volta. Montaram uma armadilha em Alcântara, Lisboa, raptando-o com mais quatro amigos traficantes para bairros no Seixal, Margem Sul. A sorte foi o chefe de Olavo, a partir da cadeia, mandar pagar o resgate.

Anteontem, Olavo, o "queixoso", conforme consta no processo, levou a megaoperação da Direcção Central de Combate ao Banditismo – com mais de 240 homens, entre inspectores da PJ e agentes do GOE e Corpo de Intervenção da PSP, conforme o CM avançou ontem – para mais de 40 buscas nos bairros da Jamaica e Quinta da Princesa, Seixal.

O objectivo era prender 11 dos 14 suspeitos de rapto e tráfico de droga que há dois anos mantiveram em cativeiro outros cinco traficantes, durante três ou quatro dias. Separaram-nos em caves dos dois bairros, onde chegaram de olhos vendados e foram espancados. Só lhes deram a água e comida indispensáveis – e as celas de 50 a 60 metros quadrados, com grades de ferro improvisadas, eram guardadas por cães perigosos.

Os "queixosos", recorde-se, caíram nesta armadilha por terem sido atraídos a um falso negócio de droga. E não se queriam queixar à PJ – foi a namorada de um, assustada, a dar o alerta. A sorte de Olavo e amigos foi o seu líder, que curiosamente está preso por rapto a outros traficantes. Soube de tudo dentro da cadeia e ordenou para a rua que os 300 mil euros fossem pagos aos raptores. Isto porque tinha sido ele a indicar o negócio que falhou com o turco. Foram soltos.

VÍTIMA É TIO DE HOMICIDA CONHECIDO

Olavo F., que foi apanhado na armadilha de outros traficantes a quem devia 300 mil euros, é tio de Jaime Santos – acusado em 2004 por um homicídio macabro, em Sintra, também relacionado com guerras nos negócios de droga. O que restava do corpo de Hary Neto, a vítima, foi encontrado a boiar em ácido, num bidão – e a cabeça nunca foi encontrada. Por isso o Supremo já anulou uma sentença da Boa-Hora, que condenou o homicida, e mandou agora repetir o julgamento – sem cabeça não há provas sobre a causa da morte. Quanto a Olavo, está livre da cadeia desde 11 de Dezembro de 2003: saiu por excesso de prisão preventiva em mais um processo de tráfico.

GANG É OUVIDO HOJE EM TRIBUNAL

"Partiram-me a casa toda por dentro e, como se não bastasse, ainda me levaram o filho", conta ao CM José Teixeira, pai de Francisco, um dos 11 suspeitos detidos anteontem na sequência da megaoperação da PJ nos bairros da Quinta da Princesa e da Jamaica, no Seixal. Seis respondem por rapto e cinco por tráfico de droga.

O morador do bairro da Quinta da Princesa esteve ontem durante todo o dia à porta do Tribunal do Seixal à espera que o filho fosse ouvido por um juiz. "O meu filho só foi detido por causa de uns telemóveis roubados", acredita.

Os suspeitos chegaram ao tribunal às 11h00, mas só começaram a ser ouvidos sete horas depois, por volta das 18h00. Têm idades entre os 25 e 45 anos e são de origem africana. No grupo está uma mulher, mãe de uma criança de poucos meses, que ficou com familiares depois de os pais terem sido detidos.

À hora de fecho desta edição, os 11 detidos continuavam a ser interrogados pelo juiz.

LANÇARAM FOGO A CADÁVER

Quem mandou pagar o resgate de 300 mil euros para soltar Olavo F. foi um dos 11 homens que estão presos, em Lisboa, precisamente por também eles raptarem traficantes de droga. Atacavam em 2006 e chegaram mesmo a matar: sabiam que Silvino Santos ia fechar um negócio de droga, pelas 22h30 de 1 de Agosto, numa rua de Lisboa. Avançaram o líder Fábio, o ‘Assombroso’, Felisberto, Gilberto e Hamilton. Fábio de caçadeira de canos serrados, os outros de bastões. Apanharam-no à pancada e enfiaram-no na mala do BMW. Foi fechado num armazém em Algueirão, Mem Martins, e o resgate era de 15 mil euros. A mulher não pagou até dia 4 e, nessa manhã, levaram-no à mata do Cassapo, Caparica. A vítima ajoelhou-se, deram-lhe um tiro de caçadeira no pescoço e regaram o corpo com gasolina. Por último lançaram fogo ao cadáver.

PORMENORES

ATRASO

Os detidos estiveram sete horas à espera para ser ouvidos, devido à complexidade do processo.

DESEMPREGADOS

Os moradores anteontem identificados pelas autoridades não têm qualquer ocupação profissional.

PERIGOSOS

Reis Nogueira, advogado de dois detidos, disse ao ‘Correio da Manhã’ que o grupo é considerado muito perigoso e responsável por agressões "extremamente violentas".

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=DEEACEDF-9A32-47D4-822C-414959E41A78&channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009



14 Dezembro 2008 - 00h30

Seixal: Juiz só deixa três suspeitos em liberdade

Sete raptores em prisão preventiva

Familiares e amigos dos dez detidos aguardavam pela decisão do juiz à porta do Tribunal do Seixal
Familiares e amigos dos dez detidos aguardavam pela decisão do juiz à porta do Tribunal do Seixal

Sete dos dez detidos pela Polícia Judiciária no âmbito da ‘Operação Cárcere Privado’ – que permitiu desmantelar a rede de tráfico de droga que raptou e manteve em cativeiro pelo menos cinco pessoas, também traficantes – ficaram em prisão preventiva. Outros dois saíram em liberdade com Termo de Identidade e Residência e um ficou sujeito a apresentações quinzenais obrigatórias à polícia.

As medidas de coacção foram decretadas já durante a madrugada de ontem, pelo Tribunal do Seixal. Os detidos começaram a ser ouvidos na manhã de sexta-feira, mas só por volta das 03h00 de ontem é que foi conhecida a decisão do juiz. Cada um dos arguidos foi ouvido pelo magistrado durante cerca de uma hora.

Os dez detidos na megaoperação levada a cabo pela PJ nos bairros Quinta da Princesa e da Jamaica são suspeitos da autoria do rapto de cinco homens em Alcântara. As vítimas – que também estão ligadas ao tráfico de droga, mas a grupos diferentes que se envolveram em conflito por um negócio falhado – foram raptadas e mantidas em celas durante vários dias. Nesse período foram ameaçadas de morte e sujeitas a agressões corporais violentas.

Reis Nogueira, defensor de dois arguidos, disse ao CM que todas as pessoas ouvidas no Tribunal do Seixal estão envolvidas no referido caso de rapto, para além de tráfico de droga, porte ilegal de armas, telemóveis e dinheiro roubados. "O processo ainda agora começou. Trata-se de um processo muito complexo, que já remonta a 2006 e que envolve crimes muito graves", acrescenta o advogado.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=F110E81B-F2AA-4A15-83F9-5721821873AA&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010



14 Dezembro 2008 - 09h00

Impressão Digital

É a sério!


O bando de criminosos que a Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ deteve na Quinta da Princesa, perto do Seixal, é outro exemplo, tal como o assalto à carrinha de transportes de valores na auto-estrada, perto de Aljustrel, de que a violência não só está a aumentar como são cada vez maiores os seus excessos.



Desta vez soubemos de uma guerra no interior entre traficantes de droga. Uma guerra clandestina em que um bando enganou o outro em valores de centenas de milhares de euros. Estamos no território dos grandes traficantes que não olham a que tipo de crimes cometem para atingir os seus objectivos criminosos. A extrema violência da situação com assassinato, tortura, cárcere privado é, apesar de tudo, um conjunto de acções supérfluas. Para este tipo de gente, a droga representa dinheiro e é exactamente o dinheiro que lhes interessa. Custe os mortos que custar, custe os crimes que custar. O dinheiro!

Sendo certo que o País confrontou com um conjunto de crimes de extrema gravidade e que a acção espectacular da Polícia Judiciária nos mostrou a essência deste negócio clandestino, não deixa de ser verdade que a prioridade das prioridades no combate ao tráfico de droga é apanhar-lhes o dinheiro. O objectivo último dos seus interesses enquanto traficantes. Quero com isto dizer que o controlo da riqueza, do fluxo financeiro em alguns países e em alguns bancos intimamente ligados a esses países na região do Atlântico Central, desde a costa da Guiné ao mar da Caraíbas, é um imenso mercado de lavagem de dinheiro que é preciso parar.

A polícia norte-americana que se dedica ao combate do tráfico de estupefacientes, a DEA, há duas décadas a esta parte que mantêm um intenso combate ao branqueamento de capitais e também é verdade as polícias europeias têm, neste território, desenvolvido alguns esforços, acções contra bancos na Galiza, em Inglaterra e também em Itália, que têm atingido duramente os traficantes de droga. Porém, é um esforço que tem ficado aquém do poder incalculável gerado por este negócio, um dos maiores à escala mundial. Vulgarmente, é secundarizado, em detrimento de outros crimes de menores consequências sociais e económicas, apenas porque o grande tráfico de estupefacientes passa um pouco ao lado das preocupações do quotidiano.

Mas ninguém duvide: os milhões de euros e dólares gerados pela droga representam uma economia clandestina que enriquece alguns, destruindo a vida de centenas de milhares de pessoas. Era bom que o combate contra esta gente sem escrúpulos fosse transformado numa guerra sem quartel.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=7E2D34C4-FC90-488A-AE41-2060F4AC4FCB&channelid=00000093-0000-0000-0000-000000000093



16 Dezembro 2008 - 00h30

Margem Sul: 'Tafarel’ já tinha sido apanhado antes da operação da PJ

Raptor preso a cortar droga

O cabo-verdiano foi preso a 20 de Outubro, no Bairro do Jamaica
O cabo-verdiano foi preso a 20 de Outubro, no Bairro do Jamaica

Responde pela alcunha de ‘Tafarel’ e, aos 29 anos, era um dos principais traficantes de droga do Bairro da Jamaica, Seixal. Está entre 11 violentos raptores, que espancaram e mantiveram em cativeiro outros traficantes, por um negócio que correu mal, em 2006 – mas quando a PJ chegou ao bairro, na última semana, já estava preso pela PSP em outro processo. Geria ali uma casa de recuo – para corte e acondicionamento de cocaína.

Quando foi preso por tráfico, em Outubro, já a Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ o investigava pelo rapto e agressões aos cinco traficantes concorrentes – o cabo-verdiano é considerado pela polícia extremamente perigoso. O CM noticiou a detenção de ‘Tafarel’ a 22 de Outubro, dois dias depois de a PSP do Seixal o apanhar a cortar droga em casa.

O cabo-verdiano recebeu pessoalmente o carregamento de ‘coca’ e supervisionou a distribuição do estupefaciente. Foi detido com as mãos ainda cheias de ‘pó branco’. A PSP sabia que o suspeito, residente na Quinta da Princesa, se deslocava diariamente ao ‘Jamaica’, onde geria uma rede de venda de drogas duras com recurso a alguma violência. Presente a tribunal, ficou em prisão preventiva.

‘Tafarel’ tem agora mais um processo – ao ter participado, em 2006, no rapto de Olavo F., vendedor de heroína, e cúmplices. Na quarta-feira, a PJ foi à cadeia do Montijo onde, formalmente, constituiu o cabo--verdiano arguido. Presente às vítimas do rapto, foi reconhecido. Sete detidos da operação da PJ estão em preventiva, dois com apresentações à PSP e outro em liberdade.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=E71FF512-AE8A-4999-A286-B043BD222267&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010



04 Janeiro 2009 - 00h30

‘Cárcere Privado’: Polícia regressou a bairros do Seixal

PJ prende mais dois raptores

Suspeitos foram presentes ao Tribunal do Seixal
Suspeitos foram presentes ao Tribunal do Seixal

A PJ regressou aos bairros do Seixal para deter mais dois suspeitos de pertencer a uma perigosa rede que se dedicava ao rapto, roubo e extorsão de traficantes de droga. Um deles ficou em preventiva, aumentando para oito o número de suspeitos na cadeia no âmbito da ‘Operação Cárcere Privado’. Recorde-se que a megaoperação, levada a cabo pela Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ, teve lugar nos bairros da Quinta da Princesa e da Jamaica, dois bairros problemáticos do Seixal, no passado dia 11 de Dezembro.

Através de mais de quarenta buscas domiciliárias, a PJ com a cooperação do Grupo de Operações Especiais (GOE) e do Corpo de Intervenção da PSP deteve, na madrugada daquele dia, onze de quinze suspeitos de sequestro e agressões violentas. Presentes ao Tribunal do Seixal e perante a gravidade dos crimes cometidos, o juiz decretou que sete ficavam em prisão preventiva.

Alguns dias depois, a PJ voltou ao bairro da Princesa e da Jamaica e deteve mais dois homens suspeitos de fazer parte do grupo de sequestradores, sendo que apenas um ficou em preventiva.

O jovem, também de raça negra e com pouco mais de 22 anos e a quem não se conhece qualquer ocupação profissional, já havia sido identificado e após uma busca foram encontradas em sua casa várias provas que o ligam aos crimes de rapto, ofensa à integridade física qualificada e detenção de arma proibida.

Os jovens estão ainda ligados à prática de outros crimes como o carjacking e roubos à mão armada.

A Polícia Judiciária continua com as investigações, o que poderá revelar-se moroso dada a complexidade do processo e por já se arrastar há três anos – os crimes remontam a 2006.

Alguns advogados dos arguidos já recorreram da decisão do Tribunal, mas até agora ainda não obtiveram qualquer resposta.

Fonte da defesa dos suspeitos adianta que os arguidos deverão ir a julgamento só a partir de Junho.

PORMENORES

"MUITO PERIGOSOS"

Os homens detidos nos bairros Quinta da Princesa e da Jamaica, no Seixal, foram considerados pela Polícia Judiciária como "extremamente perigosos" e que actuavam com "frieza de ânimo".

RAPTO EM ALCÂNTARA

Os arguidos estão ligados a um caso de sequestro de cinco homens numa zona movimentada do bairro de Alcântara e de os ter mantido em cativeiro em diversos cárceres privados situados nos arredores de Lisboa.

GUARDADOS POR CÃES

As vítimas dos sequestros eram guardadas por cães de raça pittbul, sendo alvo de violentas agressões físicas.

OBJECTOS APREENDIDOS

Aquando das buscas domiciliárias, foram apreendidos produtos estupefacientes, documentação falsa, viaturas, armas de fogo, munições, ouro, telemóveis, entre outros objectos que se suspeita terem sido utilizados na prática de crimes.

Ligação. http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=1FB6641D-9008-4948-AC91-B2606E34F80D&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010



12 Fevereiro 2009 - 00h30

Seixal: Cinco feridos em três semanas no ‘Jamaica’

Esfaqueado em guerra de gangs

O cabo-verdiano de 17 anos reside em Paio Pires e deslocou-se anteontem ao ‘Jamaica’, onde foi esfaqueado
O cabo-verdiano de 17 anos reside em Paio Pires e deslocou-se anteontem ao ‘Jamaica’, onde foi esfaqueado

Um cabo-verdiano de 17 anos é o quinto ferido, em três semanas, da guerra de gangs pelo controlo do tráfico de droga que estalou entre o bairro do Jamaica e os bairros da Quinta da Princesa e da Cocena, no concelho do Seixal. O jovem foi anteontem esfaqueado três vezes no abdómen.

O ferido reside no bairro da Cocena, em Paio Pires. Pouco depois das 16h00 de anteontem, o jovem foi sozinho ao ‘Jamaica’, no Fogueteiro para "tirar satisfações sobre tráfico de droga".

Rodeado, o cabo--verdiano retirou, regressando minutos depois com cinco amigos. A discussão subiu de tom e o jovem foi esfaqueado três vezes no abdómen. Transportado ao Hospital Garcia de Orta, em Almada, foi operado e está livre de perigo.

O agressor, de 21 anos e da mesma nacionalidade, fugiu. Os amigos do ferido perseguiram-no, mas o autor das facadas escapou saltando de um segundo andar. O carro do agressor foi atingido com dois tiros de caçadeira e os vidros partidos à coronhada. A PSP prendeu dois amigos do ferido, por posse de arma ilegal.

Este foi o quinto ferido nas últimas três semanas, no bairro do Jamaica. A 23 de Janeiro, três homens foram feridos a tiro por disparos feitos a partir de um carro. Seis dias depois, um jovem de 23 anos, surdo, residente na Quinta da Princesa, foi atingido com um disparo de caçadeira.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=7CA24D30-8AD8-464D-8511-F02C1A4C5BE2&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010



09 Março 2009 - 00h30

V.F. Xira: Jovem de 21 anos abatido por homem que antes tinha agredido o seu primo

Morto à queima-roupa em guerra de gangs

Ciro Élio, primo da vítima mortal, foi agredido horas antes à coronhada
Ciro Élio, primo da vítima mortal, foi agredido horas antes à coronhada

A guerra entre os dois bairros rivais da periferia de Lisboa já se arrasta há um ano e resultou, ontem de madrugada, na morte de um jovem de 21 anos a tiro de caçadeira. Aires Segunda, do bairro da Icesa, em Vialonga, saiu de casa para defender a honra do primo, que horas antes tinha sido agredido à coronhada. Só que o agressor, do bairro Azul, na Quinta da Piedade, Póvoa de Santa Iria, recebeu-o de arma em punho. Aires foi atingido no abdómen por um disparo à queima-roupa – a 20 centímetros do corpo. Não chegou vivo ao hospital.

De acordo com familiares e amigos da vítima, 'os problemas entre os dois bairros começaram há um ano, sem se perceber muito bem porquê. Mas até agora, para lá de algumas cenas de pancada, não se tinha visto nada assim'. Para Ciro Élio, o primo da vítima mortal, o homicídio tratou-se de 'um ajuste de contas por causa de uma confusão que começou horas antes'.

'Estava a dar uma volta de mota e quando passei pelo bairro Azul, por volta das 21h00, barraram-me o caminho. Um deles sacou de uma pistola e começou a bater-me na cara com ela. Não tive hipótese', relata Ciro, de 20 anos. Enquanto o jovem era transportado ao Hospital de São José, em Lisboa, o primo e os amigos do bairro da Icesa foram à procura do agressor, conhecido por quase todos. 'Encontraram-no e fizeram-lhe um aviso', adianta um amigo. 'Depois viemos embora, sem mais stress.'

Já depois da meia-noite, dois carros – um Opel Corsa e uma carrinha Hyundai – com seis pessoas chegaram a Vialonga e começaram os confrontos. De acordo com Maria Paulina, a mãe de Aires, 'alguém tocou à campainha e ele desceu à pressa. Foi a última vez que o vi com vida'.

Aires Segunda saiu de casa e foi ao encontro daqueles que o procuravam. Quando chegou à rua José Régio foi surpreendido. 'Ele puxou da caçadeira e, a menos de 20 centímetros, disparou. Depois entraram nos carros e fugiram. Ninguém foi atrás deles. Só nos preocupámos com o nosso amigo estendido no chão, a perder sangue', lamenta um 'amigo próximo'.

RIVAIS AOS TIROS NAS OLAIAS

As imagens da Quinta da Fonte no Verão passado voltaram a repetir-se ontem no bairro Azul, nas Olaias, Lisboa. Cerca das 18h00, ciganos e africanos envolveram-se em confrontos e o tiroteio começou. Tudo por causa de um apartamento que toda a gente quer.

Segundo apurou o CM, anteontem à noite, quando Elisabete Silva chegou a casa, esta estava ocupada por uma família de ciganos. Estes garantem que a proprietária lhes tinha prometido vender o apartamento e até já tinham dado mil euros de sinal. Elisabete nega e diz que não tem mais nenhum sítio onde viver. Na altura, a proprietária foi ajudada por outras africanas, que evitaram a ocupação.

Horas depois, já de madrugada, uma mulher grávida foi atacada por uma cigana, o que gerou a resposta dos familiares. O clima ficou tenso, mas a situação acalmou até ontem à tarde.

Os africanos contam que os ciganos apareceram armados de revólveres e caçadeiras. Os ciganos dizem que foram eles a ser provocados e agredidos com pedras.

Certo é que houve tiroteio – apesar de ninguém ter ficado ferido – e só a intervenção da PSP voltou a pôr ordem no bairro, depois de também efectuar disparos para o ar. À hora de fecho desta edição a situação continuava tensa e a PSP anunciava que ia permanecer na zona até à manhã de hoje.

OUTRAS MORTES

OSVALDO BEAGI, 18 ANOS (Sintra, Janeiro 2008)

Um confronto entre grupos rivais do Cacém e Rio de Mouro terminou com a morte, a tiro, de Osvaldo Beagi. O homicida, de 17 anos, foi condenado a outros tantos anos de cadeia em Setembro passado.

EUCRIDE VARELA, 19 ANOS (Lisboa, Dezembro 2008 )

A luta entre os bairros de Santa Filomena e Casal da Mira, na Amadora, terminou com a invasão do Colégio de Pina Manique da Casa Pia. Eucride Varela foi esfaqueado pelas costase morto por um rapaz de 17 anos.

PORMENORES

AVISO À JUDICIÁRIA

Sem dar a cara nem o nome, amigos de Aires Segunda disseram ontem ao ‘CM’: 'Se a Polícia Judiciária não apanhar o assassino, nós vamos fazê-lo.'

FORA DE CASA

A Polícia Judiciária já identificou o homicida e está no seu encalço. Este não regressou a casa e está em parte incerta.

AUTÓPSIA

A autópsia ao corpo de Aires Segunda deverá ser realizada durante a manhã de hoje.

NOTAS

SEIXAL: TRÊS FERIDOS EM RIXA

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=E31EDE37-B222-4812-9BA4-6901FB220012&channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009



11 Maio 2009 - 00h30

Setúbal: Subgrupos do Gang do Multibanco organizam ataques à PSP

Gang do ATM lidera motins na Bela Vista (COM VÍDEOS)

Ministério Público de Setúbal e Departamento de Informações da PSP recolhem dados que apontam líderes dos distúrbios dos últimos quatro dias
Ministério Público de Setúbal e Departamento de Informações da PSP recolhem dados que apontam líderes dos distúrbios dos últimos quatro dias

O gang do multibanco (ATM) como existiu de início, com cerca de 40 elementos que, juntos, roubaram mais de 3 milhões de euros em raides criminosos pelo País, sofreu uma cisão, mas está na origem dos ataques à polícia no bairro da Bela Vista, em Setúbal. Esse grupo subdividiu-se em pequenos subgrupos que reconverteram a actividade criminosa, apostando também nos assaltos à mão armada a cafés e a supermercados.

Apesar da mudança, operada após a prisão de ‘Quinito’ – um dos líderes –, estes jovens continuam a manter a mesma organização e têm sido eles a coordenar os ataques violentos. Procuram vingar as mortes de Antonino e ‘Seedorf’, dois membros do gang que desempenhavam as funções de condutores dos carros roubados para os assaltos. O primeiro abatido pela GNR no Algarve, há quinze dias, e o segundo pela PSP, há mais tempo, em Setúbal.

Na madrugada de ontem, que terminou com mais três viaturas e inúmeros caixotes do lixo incendiados, a PSP deteve três elementos, todos com menos de 20 anos. Tinham consigo droga, armas brancas e uma pistola. No entanto, dez outros jovens foram identificados. Foram todos levados para a PSP de Setúbal por suspeitas de participação em motim. Já na esquadra, a polícia confirma estar perante jovens referenciados de participação em vários dos ataques do gang do ATM.

A falta de provas acabou, no entanto, por fazer com que todos fossem libertados. O Ministério Público (MP) de Setúbal nem sequer os constituiu arguidos. O que não significa que tenha ainda desistido de os responsabilizar pelos violentos motins que rebentaram na quinta-feira.

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, esteve no comando da PSP de Setúbal no sábado à noite e, apurou o CM, acompanhou os preparativos de uma megaoperação que, no entanto, não chegou a acontecer. O intendente Magina da Silva, comandante da Unidade Especial de Polícia, coordenou um ataque ao bairro Azul para prender os instigadores da violência. No entanto, a operação planeada da PSP teve de ser abandonada. Pouco depois das 00h00, a notícia de mais fogos postos levou a polícia a responder, apenas para conter mais ataques. Com o Grupo de Operações Especiais (como o CM noticiou ontem) a integrar o contingente, mais de 150 operacionais tomaram de assalto o bairro Azul, tranquilizando a noite. A PSP promete que vai permanecer no bairro pelo tempo que for preciso.

POPULAÇÃO JÁ NADA 'FARTA' DOS TUMULTOS

Fábio, de 20 anos, está encostado a uma parede. São 04h00 quando o jovem e mais três amigos são interceptados pela polícia junto a um contentor a arder. São revistados e interrogados. A polícia confirma que já têm ficha policial, mas nenhum caso pendente. Nada fizeram, estavam só no sítio errado à hora errada e Fábio conta que viu 'quatro pessoas numa carrinha Audi escura a deitar fogo a um contentor'.

Os três amigos, que vivem ali desde sempre, aplaudem a acção policial: 'Nasci e vivi sempre aqui e estou farto disto. Acho bem que a polícia deite mão aos bandidos. Estamos de tal maneira habituados a estes tumultos que já nem nos sentimos inseguros, mas nunca vi tanta violência como nestes últimos dias', conta Fábio. Um grupo de jovens e o pároco da Bela Vista estão a divulgar uma procissão 'pela Paz' para terça-feira, às 21h00. As pessoas são convidadas a vestir uma t-shirt branca.

APEDREJAMENTOS LEVAM PSP A 'VARRER' BAIRRO

O extenso miradouro, que liga o bairro Azul da Bela Vista à avenida de Belo Horizonte, tem servido de plataforma de ataque aos grupos de desordeiros que respondem com pedras aos avanços da PSP. Pelas 16h30 de ontem, ininterruptos apedrejamentos à autoridade e a jornalistas levaram uma equipa de agentes do Corpo de Intervenção (CI) da PSP a entrar de rompante no bairro, numa rusga espontânea. Armados até aos dentes, os operacionais do CI palmilharam o bairro rua a rua, à semelhança do que tinham feito nas três noites anteriores. Várias pessoas foram revistadas e identificadas, e um adolescente foi mesmo conduzido à esquadra por não ter documentos.

Recorde-se que os incidentes na Bela Vista começaram na quinta-feira à tarde, quando um grupo de jovens se concentrou junto à esquadra para homenagear Antonino, morto na semana passada pela GNR após um assalto a uma caixa multibanco em Alvor, próximo de Portimão, no Algarve.

SECRETA VIGIA BAIRROS PERIGOSOS

O Serviço de Informações e Segurança (SIS) está atento a todas as movimentações de grupos referenciados e de pessoas cadastradas residentes nos bairros problemáticos da Área Metropolitana de Lisboa. As informações recolhidas são depois passadas às forças de segurança (PSP, GNR e Polícia Judiciária), que fazem depender destes dados muitas das investigações que abrem.

O cenário desta troca de informações são as reuniões do Sistema de Segurança Interna (SSI). O juiz Mário Mendes, secretário-geral deste órgão governamental, preside a estes encontros semanais, nos quais os agentes do SIS apresentam relatórios pormenorizados das acções encobertas que realizam nos bairros problemáticos.

A atenção do SIS está, apurou o CM, concentrada especialmente na Margem Sul do Tejo. Muito antes da explosão da violência que ainda se vive no bairro da Bela Vista, em Setúbal, já agentes infiltrados se tinham introduzido em locais como o Vale da Amoreira ou o bairro do Jamaica, ‘fichando’ todos os suspeitos de reiteradas actividades criminosas.

O receio de que a guerrilha urbana da Bela Vista sirva de rastilho a uma onda de violência antipolícias noutros bairros problemáticos leva a PSP, a GNR e a Polícia Judiciária a sistematizar esta informação, usando-a na preparação das operações que efectuam.

ZONAS PROBLEMÁTICAS DA MARGEM SUL

Segundo Torrão, Trafaria

Matadouro, Monte da Caparica

Pica-Pau, Monte da Caparica

Branco, Pragal

Quinta da Princesa, Cruz de Pau

Jamaica, Fogueteiro

Cucena, Paio Pires

Arrentela, Seixal

Vale da Amoreira, Baixa da Banheira

Palmeiras, Barreiro

Fonte da Prata, Alhos Vedros

Camarinha, Setúbal

Bela Vista, Setúbal

SETÚBAL VIVE DIA-A-DIA MARCADO POR ASSALTOS

Os habitantes de Setúbal, cidade com cerca de cem mil pessoas, vivem o dia-a-dia marcados pelo medo e ansiedade face à vaga de assaltos. A violência não está circunscrita ao bairro da Bela Vista, confirmaram ao CM vários dos moradores que dizem sentir medo, mesmo no centro da cidade, pelo que depois das 18h00 poucos se aventuram a passear, por exemplo, na avenida Luísa Todi ou na praça do Bocage. 'Confesso que tenho medo, embora defenda que a violência que se verifica em Setúbal acaba por ser o espelho de todo o País', disse Maria Adelaide Alves, proprietária de um quiosque na praça do Bocage.

Perante a criminalidade acabou por mudar os hábitos, e explica: 'Não deixo nem tabaco, nem cartões de telemóvel e muito menos dinheiro no quiosque, e o que vou fazendo retiro ao longo do dia.' Mesmo assim, Adelaide já foi por várias vezes assaltada e numa ocasião foi-lhe apontada uma faca. Também Pedro Guerreiro, empregado de café, referiu haver assaltos todas as semanas.

REACÇÕES

'À NOITE JÁ NÃO ME AVENTURO A SAIR À RUA' (Teresa Ramos, Professora)

'Tenho medo de andar na rua. A cidade fica deserta ao fim da tarde, mesmo em sítios de mais movimento, como o centro, pelo que à noite já não me aventuro a sair à rua.'

'CLIMA DE TENSÃO OBRIGA A PRUDÊNCIA REDOBRADA' (Filipe Castro, Técnico de Saúde)

'Nunca esteve tão perigoso viver em Setúbal. Há um clima de tensão permanente, que nada tem a ver com a crise laboral dos anos 80, que nos obriga a ter prudência redobrada.'

'SIMPLES IDA AO SUPERMERCADO É PERIGOSA' (Manuela Ribeiro, Professora)

'Penso que o desemprego que atinge tanta gente em Setúbal acaba por gerar a violência que está por toda a parte. Até uma simples ida ao supermercado é perigosa.'

'ROUBAM BANCOS, CAFÉS, OURIVESARIAS, TUDO' (Francisco Andrade, Professor)

'Diariamente temos conhecimento de estabelecimentos que são assaltados. Um dia é um banco, depois um café, um restaurante, ourivesarias. Roubam tudo o que encontram.'

PORMENORES

BOMBEIROS APEDREJADOS

Pouco depois da 01h00, os Sapadores de Setúbal chegaram à Bela Vista para apagar os fogos postos. Um dos veículos foi recebido à pedrada. 'Tivemos de fugir, isto não pode ser, eles não queriam acertar no carro, queriam atingir-nos a nós', grita o responsável pelas equipas.

SÓ COM A PSP

A ordem de retirada foi dada: 'É arrumar tudo e ir embora. Não fazemos nada sem estar cá a polícia'. Minutos depois, a PSP toma o bairro Azul e os bombeiros podem fazer o seu trabalho.

CONTENÇÃO

José Manuel Anes, do Observatório da Segurança e Criminalidade, defendeu ontem contenção na actuação das polícias na Bela Vista, de forma a evitar que o fenómeno alastre emocionalmente à população residente. Lembrou que estes grupos 'controlam psicologicamente as pessoas do bairro através do medo'.

NOTAS

SÓCRATES: LOUVOR À POLÍCIA

'Nos Estados democráticos não se ataca a polícia', afirmou ontem o primeiro-ministro, sublinhando que a polícia está a fazer 'um grande trabalho' e a 'dar o seu melhor' na Bela Vista.

RUI PEREIRA: PREPARADOS

O ministro da Administração Interna disse em entrevista à Lusa, feita horas antes do início dos confrontos e ontem publicada, que 'Portugal está preparado para qualquer fenómeno criminal'.

SINDICATOS: EMPENHO E SACRIFÍCIO

Os sindicatos das polícias responderam ao ministro dizendo que se Portugal está preparado tal se deve 'ao empenho e sacrifício dos profissionais', não em equipamentos e estratégias.

CDS-PP: MAIS POLÍCIAS

Paulo Portas disse ontem que o PS é 'incompetente', o PSD 'mole' e a 'extrema esquerda lírica' em matéria de segurança. Defendeu mais polícias.

PSD: PROBLEMA NA AGENDA

O cabeça-de-lista do PSD às Europeias, Paulo Rangel, disse ontem que a criminalidade urbana, como na Bela Vista, deve ser colocada na agenda europeia.

'LEIS PENAIS SÃO PARAÍSO PARA OS BANDIDOS' (Paulo Portas, Presidente do CDS-PP)

Correio da Manhã – O que é preciso fazer para conter a onda de criminalidade?

Paulo Portas – É urgente recuperar o défice de policiamento que este governo irresponsavelmente criou. O distrito de Setúbal é um bom exemplo: só tem 1300 efectivos para proteger meio milhão de cidadãos.

– Os acontecimentos no bairro da Bela Vista são o espelho visível da crescente falta de segurança?

– O que se tem vindo a passar é muito sério e inadmissível. Não é normal a polícia ser atacada com cocktails molotov, com disparos ameaçadores e tudo isto perante a condescendência das leis e da organização dos tribunais.

– A legislação devia ser mais dura?

– Quando a criminalidade começou a aumentar e se tornou mais grave, o Parlamento, pela mão do PS e do PSD, votou leis penais que são um paraíso para bandidos.

– O que é possível fazer para alterar esta realidade?

– O CDS-PP propõe a realização de julgamentos em 48 horas, para os delinquentes que são apanhados em flagrante. As leis são feitas a pensar nos direitos dos arguidos, mas parece que toda a gente se esquece de pensar nas vítimas.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=C6042994-24EC-41ED-B94C-29D8F4AD3ACA&channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009



23 Junho 2009 - 00h30

Seixal

Vinte acusados de rapto de traficantes

O Ministério Público do Seixal concluiu a acusação contra vinte pessoas, dezanove homens e uma mulher, que vão responder por cinco crimes de rapto, tráfico de droga, falsificação de documentos, detenção de arma proibida, falso depoimento e situação ilegal no País.

Treze dos acusados estão em prisão preventiva desde Janeiro, após terem sido detidos numa operação da Unidade Nacional Contra Terrorismo da PJ denominada ‘Cárcere Privado’, nos bairros Quinta da Princesa e da Jamaica, no Seixal.

Os arguidos, considerados "extremamente perigosos", estão ligados ao sequestro, em 2006, de cinco traficantes em Lisboa. Estes foram levados para caves na zona da Amora e Fogueteiro, agredidos e mantidos em cativeiro, guardados por cães de raça perigosa.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=998584BC-63C5-417C-9A8A-0B69C2767A43&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010


10 Julho 2009 - 16h02

Incêndios

Dois fogos activos no distrito de Setúbal


Dois incêndios que deflagraram esta sexta-feira no Seixal e em Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, continuam por circunscrever.

De acordo com a ANPC, o incêndio que deflagrou na Quinta da Princesa, Seixal, teve início pelas 13h21, encontrando-se a arder pasto e eucaliptos em duas frentes activas.

Na Aldeia do Chão, concelho e Santiago do Cacém, 46 bombeiros e 11 veículos estão a combater desde as 14h12 um incêndio que deflagrou num mato.


Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=76965F63-3205-4F58-92BA-35EA10B116C9&channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021




25 Agosto 2009 - 17h04

Quinta da Princesa

Madrugada de confrontos no Seixal

Quinta da Princesa teve noite agitada
Quinta da Princesa teve noite agitada

Uma troca de tiros entre moradores da Quinta da Princesa, no Seixal, foi, na noite da passada segunda-feira, o mote para violentos confrontos ocorridos entre jovens do bairro.

A notícia é avançada pela SIC, que adianta ainda que pelo menos duas viaturas e alguns contentores do lixo foram incendiados por 'cocktails Molotov'.

Fonte da PSP explicou que as autoridades foram chamadas a intervir numa zona perto daquele bairro social e que lá foram recebidos à pedrada. Os jovens responsáveis por essas agressões à polícia continuaram os confrontos no bairro da Quinta da Princesa, onde houve uma troca de tiros entre moradores e agentes da autoridade.

Um forte dispositivo composto por vários agentes, incluindo elementos à paisana, e quatro viaturas está agora a cercar o bairro, sendo que ninguém está autorizado a entrar ou sair do local sem fiscalização prévia.

Às operações de investigação juntaram-se entretanto inspectores da PJ, que se encontram a recolher indícios tanto nos dois carros incendiados, como na casa do único suspeito detido até ao momento.

Uma moradora da Quinta da Princesa afirmou à SIC que os confrontos foram possivelmente causados por uma intervenção feita pela PSP na noite do passado domingo, onde alegadamente vários moradores foram agredidos.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=4B272A8B-9807-429B-AA14-56D2BC4542C9&channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021



26 Agosto 2009 - 00h30

Seixal: Um atirador detido, doze identificados e armas apreendidas

Molotov e tiros contra PSP

As palavras de ordem contra a polícia estão bem evidentes nas paredes dos prédios da Quinta da Princesa, bairro que ontem foi cercado pelas autoridades, depois de terem sido recebidas a tiro e por cocktails molotov
As palavras de ordem contra a polícia estão bem evidentes nas paredes dos prédios da Quinta da Princesa, bairro que ontem foi cercado pelas autoridades, depois de terem sido recebidas a tiro e por cocktails molotov

Dois carros e caixotes do lixo em chamas foram isco perfeito para atrair a polícia às ruas estreitas do bairro. Segunda-feira à noite estava em marcha uma emboscada ao "inimigo" da PSP, que se limitou a dar resposta aos focos de incêndio na Quinta da Princesa, Seixal, mas foi recebida com tiros, pedras e cocktails molotov. Os confrontos prolongaram-se até à tarde de ontem – com equipas do Corpo de Intervenção a responder a tiro.

Tudo porque, na noite de domingo, uma patrulha da PSP interpelou um grupo de jovens no bairro. Desconfiaram que uma moto fosse roubada e a troca de palavras não se fez esperar. Alguns dos jovens dizem ter sido agredidos. E a vingança foi servida na noite seguinte, com dois carros incendiados na praceta 25 de Abril. "Pegaram fogo aos carros para atrair a polícia", confessa ao CM um morador, que prefere o anonimato.

Objectivo conseguido: um carro-patrulha, mal entrou no bairro, foi alvo de um cocktail molotov. Chegaram reforços e houve uma acesa e prolongada troca de tiros – as seis entradas do bairro foram de imediato controladas pela PSP, que ontem se fez representar com cerca de trinta agentes da Unidade Especial de Polícia. O contingente diminuiu com o passar das horas.

A praceta do Lobito, bem no interior do bairro, esteve até ao fim da tarde de ontem sitiada – com os moradores a entrar e a sair da Quinta da Princesa somente após revista policial. A PSP montou um perímetro de segurança no local, precisamente onde na madrugada de ontem foram arremessados os cocktails molotov e pedras e disparados dezenas de tiros contra os agentes da polícia.

No chão, era possível encontrar os vários invólucros de balas de calibre 9 mm, cartuchos de caçadeira, garrafas partidas, pedras soltas da calçada, contentores queimados. A PSP, através do intendente Leitão, do Comando de Setúbal, diz que se viu obrigada "a disparar alguns tiros em troca". O balanço aponta para a detenção de um homem e identificação de 12. Foram ainda apreendidas algumas armas.

PJ RECOLHEU PROVAS EM CASA DO SUSPEITO

Um prédio na praceta do Lobito, mesmo no centro do bairro, mereceu especial atenção dos agentes, pois foi nele que grande parte dos jovens se refugiaram assim que começaram os desacatos. A Polícia Judiciária esteve no local e recolheu mesmo indícios no interior de uma residência, ao que tudo indica do suspeito que foi detido. No seu interior, os inspectores descobriram cocktails molotov, dos quais retiraram impressões digitais. Aliás, foi este método que, em Maio, no bairro da Bela Vista, em Setúbal, permitiu às autoridades deter um dos principais desordeiros, depois de este ter deixado uma impressão digital numa garrafa.

Também os dois carros incendiados mesmo à entrada do bairro da Quinta da Princesa foram ontem alvo de uma perícia das autoridades.

"ELES VÊM PARA MATAR E NÃO PARA AJUDAR"

Os jovens do bairro manifestavam-se indignados com a resposta brutal da polícia. "Eles dizem que só disparam balas de borracha, mas acham que estas balas que tenho na mão são de borracha?", começa por perguntar Ricardo Pereira, morador no bairro da Quinta da Princesa. "Estas balas são bem verdadeiras. Eles vêm para nos matar e não para ajudar. Não podem fazer justiça pelas próprias mãos. Aqui ninguém nos respeita, fazem o que bem lhes apetece."

No bairro, os jovens dizem que apenas a polícia disparou tiros. "Da parte dos moradores só houve pedradas e arremesso de garrafas, mas tiros é mentira", garante Luísa Semedo, uma das jovens que diz ter sido agredida no domingo pelos agentes da PSP.

BAIRRO DE RETORNADOS E JOVENS

O bairro da Quinta da Princesa nasceu no final da década de 1970 através de um Contrato de Desenvolvimento Habitacional entre o Estado e construtores civis. Parte das casas seria vendida e o resto era entregue à Câmara. Segundo o CM apurou, dos 20 edifícios que compõem o bairro, sete (o que corresponde a 208 fogos) foram entregues à autarquia do Seixal, que os destinou ao realojamento de famílias carenciadas dispersas pelo concelho – a maioria retornados ou emigrantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

De acordo com estudos recentes, actualmente vivem cerca de 1300 pessoas na Quinta da Princesa. A população é maioritariamente jovem – cerca de 30 por cento tem menos de 10 anos –, mas o desemprego e o abandono escolar são uma realidade que afecta muitas famílias. Ao que o CM apurou, são poucos os que usufruem do Rendimento Social de Inserção, mas há famílias a receber pensões de 200 euros.

No que diz respeito a nacionalidades, 41,7% dos habitantes são cabo-verdianos, a comunidade mais representativa, seguidos dos são-tomenses (21%) e angolanos (10%). Apesar de apenas 13,3% dos habitantes de Quinta da Princesa terem nascido em Portugal, mais de 25% tem nacionalidade portuguesa. Nos últimos anos, a comunidade cigana e os emigrantes do Leste da Europa e do Brasil têm vindo a ganhar expressividade. Tal como noutros bairros sociais da área metropolitana de Lisboa, alguns apartamentos têm sido vendidos sem qualquer registo ou alugados a emigrantes recém-chegados.

Ligação: http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=8DB9CD9B-CEA7-4262-B1AC-F7AE62DD6F5D&channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009

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