Hotéis de luxo, habitação e centros náuticos na actual Margueira, Quimiparque e Siderurgia. É o plano para a Margem Sul que visa cativar 17 mil novos habitantes.
O conceito de uma nova Expo, mas cinco vezes maior, será o que melhor resume o projecto do chamado Arco Ribeirinho Sul com o qual o Governo tenciona "revolucionar" o urbanismo nos concelhos de Almada, Barreiro e Seixal nos próximos 18 anos. Numa área de 920 hectares, outrora ocupada pelo poder da industrialização, vão crescer hotéis de luxo, zonas residenciais, museus e centros náuticos. O investimento ultrapassa os 400 milhões de euros e se as habituais derrapagens não apoquentarem o calendário haverá mais 17 mil residentes e 55 mil novos empregos na região. Lá para 2027.
As intervenções vão recair em 55 hectares da Margueira (Almada), 290 da Quimiparque (Barreiro) e 536 da Siderurgia Nacional (Seixal) - ver infografia acima -, sendo que o ministro do Ambiente, Nunes Correia, que apresenta hoje o projecto no Barreiro, já admitiu ao DN não estar previsto, para já, nenhum projecto emblemático. Adiantou que o plano prevê a construção de cinco mil novos fogos "de grande qualidade" na zona para procurar responder à pressão que se perspectiva para os três concelhos com a construção do aeroporto em Alcochete, da plataforma logística do Poceirão (Palmela) e da terceira travessia do Tejo, entre Chelas e Barreiro.
Nunes Correia não tem pejo em assegurar que "a verdadeira cidade portuária será no Arco Ribeirinho Sul", alertando que "é muito melhor construir escritórios e habitação em locais degradados do que destruir um montado no Alentejo para responder à pressão urbanística". O ministro do Ambiente frisou que Lisboa vai, finalmente, cumprir uma célebre frase que consta nos planos de ordenamento: "Uma cidade, duas margens."
O titular da pasta do Ambiente diz que "se há algo de emblemático para citar, é o facto de se trazer a Margem Sul para o centro das operações, com um protagonismo que até agora não tinha. Era uma zona residencial e dormitório de Lisboa, mas este projecto vai dar- -lhe uma nova centralidade", afirma Nunes Correia, ressalvando que o projecto se mede a 15 ou 20 anos, pelo que deverá sofrer ajustamentos, em função da dos ritmos de construção do futuro aeroporto ou da nova ponte.
Segundo o plano estratégico elaborado pelo grupo de trabalho constituído em Setembro de 2008, a reconversão urbanística daqueles três elementos da memória colectiva da Área Metropolitana de Lisboa torna-se mais urgente quando se conhece o abandono e a degradação a que têm sido votados, "com consequências sociais e económicas negativas também extensíveis às áreas urbanas que os envolvem", diz o documento.
O plano defende projectos de diversas naturezas e dimensões, que vão da construção de infra-estruturas de transporte às actividades ligadas ao estuário e ao mar, não só nas componentes de construção e reparação naval mas também no domínio da biologia marinha. A proximidade ao futuro aeroporto de Lisboa propicia o desenvolvimento de actividades ligadas ao sector aeronáutico.
O ambicioso plano tem prazos longos para a sua conclusão: estão previstos 18 anos para a renovação da Quimiparque, 12 e 15 para a Siderurgia Nacional e a Margueira, respectivamente.
Fonte: DN
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